Os profissionais que exercem atividade de relações governamentais enfrentam desafios para melhorar a imagem da sua atividade perante a opinião pública e esclarecer a importância do trabalho dentro das empresas. Apesar do cenário desfavorável, os profissionais estão otimistas e avaliam que houve melhoria na reputação da atividade. Essas foram algumas das conclusões da 2.ª fase da Pesquisa de Reputação da Atividade de Relações Governamentais, realizada pelo Instituto de Relações Governamentais (IRELGOV), e nas discussões dos seus resultados em evento promovido na última quinta-feira (09/11) na sede da TozziniFreire Advogados, em São Paulo.
A pesquisa foi realizada no início de 2017 e foram ouvidos 157 profissionais que atuam na área de relações governamentais. Ao serem questionados se a reputação do profissional vem mudando nos últimos anos, 60,51% responderam que houve mudança para melhor. Apenas 14,01% responderam que houve piora na reputação e 14,01% disseram que não houve alteração.
A articulação das empresas junto aos governos não é vista de forma positiva, reconhecem os profissionais. Na pesquisa do IRELGOV, 66,24% responderam que olobby não é bem visto. Esse dado vem de encontro a uma das pautas importantes do instituto, que é a melhoria da reputação da atividade e dos profissionais que trabalham na área de relações governamentais. “É especialmente importante a discussão da descriminalização do lobby”, afirmou o presidente do IRELGOV, Erik Camarano.
Apesar de reconhecer percepção negativa do lobby, os profissionais que exercem atividade de relações governamentais acreditam na importância e na legitimidade da atividade. Quase 80% dos respondentes entendem que é legítimo atuar em favor de interesses de uma organização mesmo que sejam contrários a interesses de outros grupos.
O mercado de relações governamentais tem crescido e cada vez mais as empresas percebem a importância para seus negócios de ter uma articulação estruturada com o poder público, não apenas para as companhias que têm negócios com o governo. A pesquisa do IRELGOV mostra que 62% dos respondentes avalia que todas as empresas devem contratar profissionais para a área, pois todas são impactadas por decisões do governo. Essa necessidade de um departamento estruturado já havia sido identificada na primeira fase da pesquisa, realizada no ano passado, ouvindo presidentes e líderes de empresas. Nela, 45% dos dirigentes também havia respondido que todas as empresas deveriam contratar profissionais de relações governamentais.
Ambiente de negócios
As funções desses profissionais extrapolaram a articulação com os governos, segundo a pesquisa do IRELGOV. Entre as suas principais funções, melhorar o ambiente de negócios para uma empresa ou setor foi indicado por 51,59% dos respondentes. A defesa dos interesses junto ao governo ficou em segundo lugar, com 31,21% das respostas. Neste quesito, houve uma diferença de percepção em relação à opinião dos dirigentes empresariais, levantada na primeira fase da pesquisa. Propor, influenciar e contribuir com novas políticas públicas ou aperfeiçoar as existentes foi indicada como função principal dos profissionais na visão dos presidentes e líderes das empresas.
Essa atuação direta na melhoria do ambiente empresarial se refletiu nas competências indicadas como importantes na atividade de relações governamentais. Na pesquisa do IRELGOV, 87,26% dos respondentes citou como característica que melhor define o profissional é ser estrategista. O diretor de assuntos corporativos da Bayer, Christian Lohbauer, afirmou que, além da estratégia, o profissional brasileiro precisa ter muita flexibilidade para enfrentar as instabilidades das instituições e cenários diversos do país.
Atuar como facilitador (66,87%) e fazer gestão de crise (54,14%) também foram bastante citados entre as características do profissional. “Quando a gente olha para os bancos, o profissional que exerce atividades de relações governamentais tem ganhado protagonismo na defesa de reputação”, informou a superintendente de relações institucionais e governamentais do Itaú Unibanco, Luciana Schneider.
A construção de rede de contatos dentro dos governos continua sendo importante para o trabalho de relações governamentais, mas não é suficiente. O processo de defesa e promoção de interesses precisa se basear em conhecimentos técnicos e é necessário um planejamento estratégico para a articulação com o poder público, indica a pesquisa do IRELGOV. “O papel do profissional que atua em relações governamentais é trazer a ciência para a mesa de negociação”, afirmou Helga Meuser, diretora de relações governamentais da Nestlé.
Regulamentação
A grande maioria dos profissionais que exercem atividades de relações governamentais quer que o lobby seja regulamentado no Brasil, revela a pesquisa do IRELGOV. Do total de respondentes, 70,06% responderam ser favoráveis à regulamentação, enquanto 18,47% se disseram contrários. Durantes os debates realizados na sede da TozziniFreire, a superintendente de relações institucionais e governamentais do Itaú Unibanco, Luciana Schneider, defendeu um projeto simples, que garanta o acesso democrático e livre à atividade de promoção de interesses junto às diferentes instâncias de governo.
A proteção à participação de todos no processo decisório do poder público também foi ressaltada pela diretora de relações governamentais da Nestlé, Helga Meuser. O risco de uma legislação restritiva foi levantado pelo diretor de assuntos corporativos da Bayer, Christian Lohbauer. Segundo ele, propostas que limitem a atividade aos interesses de uma determinada classe seria negativo.
O presidente do IRELGOV, Erik Camarano, compartilhou as discussões realizadas durante da missão de estudos que o IRELGOV realizou no mês de outubro à Bélgica para conhecer como é feito o lobby na União Europeia. De acordo com especialistas europeus, a implantação gradual de mecanismos de controle é a estratégia ideal de implantação da regulamentação. Camarano ressaltou que a regulamentação do lobby não pode ser vista como um instrumento de combate à corrupção, mas sim como implantação de regras que dão mais transparência e segurança nas relações entre o público e o privado. “Não podemos dar o remédio certo para o problema errado”, afirmou.
Veja a pesquisa completa, aqui
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Sobre o IRELGOV
O IRELGOV é primeiro instituto de relações governamentais do Brasil. Fundada em 2015 por profissionais que exercem atividades de relações governamentais, a entidade sem fins lucrativos tem como principal objetivo elevar o grau de profissionalismo, competência e padrões éticos da atividade ao posicionar-se como um Think Tank para o setor. Para isso, está baseado em dois pilares fundamentais – reputação e educação – e nos princípios de legitimidade, legalidade, transparência e boas práticas, trazendo informações relevantes para o dia a dia do profissional, fomentando o diálogo entre os setores da economia e visando desenvolver informação e compreender as tendências do mercado. Para saber mais, visite www.irelgov.com.br
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