As análises de impacto regulatório ficam a cada dia mais técnicas, exigindo contínua atenção dos profissionais de relgov. Como isso afeta seu desempenho? Como lidar com essa nova realidade na qual a própria administração pública tem que se ajustar? Essas foram as perguntas da terceira mesa-redonda do congresso, mediada por Beatriz
Gagliardo, Government Relation, Regulatory and Public Affairs Head na Arvore.
A diretora da Área de Public Affairs da Sanofi, Tatiana Porto, acredita que as empresas estão no caminho certo. Para a área em que atua, a saúde, transparência e regras claras são essenciais para que as companhias tenham segurança para operar. “É importante existir equilíbrio entre o técnico e o político. A segurança jurídica colocará o Brasil no mapa dos investimentos na área”, aposta. “A análise de impacto regulatório traz essa avaliação holística que leva em conta os fatores econômicos e sociais. É nesse ponto que entra nossa atuação como profissionais de relgov. É importante ouvir todos os stakeholders. Por exemplo, estamos envolvidos no processo de áudio bulas. Foi apenas quando conversamos com associações de deficientes visuais que percebemos que era necessário efetuar ajustes”.
Paulo Homem, gerente-executivo de Relações Internacionais da Compass Gás & Energia, acredita que o processo de construção das regras passa por um amadurecimento natural. “Tenho uma visão otimista. A cada dia que passa as agências estão melhor equipadas e a qualidade das decisões tende a melhorar”. Para ele, os profissionais de relgov devem buscar maior compreensão de como funciona o processo do regulatório. “Não é o advocacy tradicional que acontece no congresso. São dinâmicas diferentes”.
Para Beatriz Gagliardo, essa é a virada de chave que deve ser levada para o debate. “O profissional do relgov tem que entender as mudanças na regra do jogo, como acontece essa discussão de construção de uma política regulatória”. O head de Assuntos Públicos, Ciência e Sustentabilidade Brasil da Bayer, Jaime Oliveira, afirma que a regulação geralmente é multidisciplinar e exige profissionais de diversos campos. “Por isso a palavra-chave desse profissional de relgov é cooperação. Precisa ter proximidade com o jurídico, com as áreas de negócios. Às vezes a abordagem deve ser econômica, às vezes técnica. Cabe ao profissional de relações governamentais decidir qual a mais eficaz”, disse.
Para ele, os instrumentos de inteligência evoluíram bastante nos últimos anos e é possível extrair informações relevantes, mas ainda permanecem muitos gaps para as respostas. “Trabalhar somente com os dados ainda não é viável. O faro do profissional ainda é útil”.