O IRELGOV promoveu, na manhã desta quinta-feira (31), mais um webinar, desta vez com o tema “ESG e Relações Governamentais”, com mediação de Simone Ferreira, da Think Brasil, e participação de Eduardo Bastos, Conselheiro da ABAG. O evento abordou a regulamentação do mercado de carbono e as estratégias de relgov nesse segmento.
Eduardo Bastos ressaltou que, em setores muito regulamentados, o governo é um stakeholder muito importante, pois é quem emite autorização para a operação. No entanto, nos últimos 30 anos passou a ser necessário também conseguir a chamadas “social rights to sell”, ou seja, a sociedade tem que entender que o que aquela empresa vende é importante e lhe concede uma licença para atuar. “Mas a questão ambiental é uma agenda topdown – o CEO tem que achar legal, o board tem que comprar. Tem que vir de cima para baixo”, explicou. “O segundo ponto é que esse é um tema relacionado às áreas de suporte. Por isso, temos que exercer liderança por influência”.
Indagado por Simone Ferreira sobre os desafios da regulação nessa área, Bastos afirmou que é preciso regulatório, caso contrário não será possível implantar uma boa política pública. Segundo ele, todos na indústria entenderam que a questão do carbono é uma agenda estruturante de acesso a mercado ou até mesmo de permissão para continuar operando. “No entanto, é possível ir além: se o mercado de carbono for adicionado a nossos produtos agrícolas poderemos acessar mercados nos quais hoje não entramos”.criar um bom arcabouço
E quais devem ser as estratégias de abordagem com stakeholders em um momento em que o Brasil ainda está elaborando sua legislação? De acordo com Eduardo Bastos, o primeiro ponto é mapear os stakeholders com quem conversar. “Essencial ter a mesma mensagem, consistência é muito importante. Ela pode ser adaptada conforme o público, mas o conteúdo tem que ser o mesmo. Nós, de relgov, temos a obrigação de tornar o assunto mais palatável para o parlamento e para a sociedade”.
Apesar de o Brasil responder por somente 3% do carbono do planeta, está entre os 10 maiores países emissores. Metade vem do desmatamento, 25% do agronegócio e 25% das indústrias e saneamento. “O país está fazendo a parte que lhe cabe. Temos trabalhado para ter a lei aprovada até outubro e podemos ir para a Cop 28, em Dubai, em novembro já como um país que possui regulamentação”.