A incorporação crescente de dados nas análises leva os profissionais de relações governamentais a se depararem com mais um desafio na interação com o poder público. O amplo acesso à inteligência artificial tem auxiliado os RelGovers a reformularem suas atuações. É o que aponta
Andressa Nervino, sócia da Concordia Public Affairs Strategies, que apresentou o terceiro lightning talk do Encontro IRELGOV 2023.
“Em um passado recente, os profissionais de relações governamentais que atuavam no Legislativo viviam fotocopiando os projetos de lei nas salinhas do Congresso Nacional. Isso não faz mais nenhum sentido, qualquer um pode ter acesso a esses dados em tempo real. Com a Lei de Acesso à Informação, às vezes o cidadão comum tem acesso mais respaldado e rápido do que o próprio parlamentar”, explicou.
Se, por um lado, há excesso de informações – a mídia muitas vezes pauta o debate –, às vezes há falta de qualidade e dados insuficientes para subsidiar o processo. “Temos um longo caminho pela frente no acesso a informações, especialmente quando falamos das Câmaras Municipais e prefeituras.”
Andressa Nervino acredita que a atuação dos profissionais fica mais fácil graças a ferramentas de monitoramento, mapeamento de stakeholders e até mesmo de previsão de resultados de votação. Mas, embora possam servir de subsídio, não deverão substituir o homem. “Justamente porque, no nosso trabalho, precisamos muito mais entender o jogo que levou a tal resultado do que identificar os parlamentares que votaram nisso ou naquilo. A própria interação para o convencimento, para levar pleitos aos atores políticos, é um ato pessoal. Há um lado humano, cultural, histórico, uma atuação na qual não seremos substituídos pelos robôs.”