A interação entre a área de relações governamentais e os demais setores das empresas foi abordada na segunda mesa-redonda do congresso. A mediadora Grazielle Parenti, vice-presidente Global de Sustentabilidade e Assuntos Corporativos da BRF, lembrou que até pouco tempo atrás os profissionais de relgov só eram acionados quando aparecia um problema. “Mas não fazíamos parte do cotidiano do negócio. Aos poucos a área foi se firmando e se integrando às outras”.
Edison Terra, vice-presidente executivo da Braskem, concordou: “Saímos de um mundo onde o resto da empresa não sabia o que a área fazia e nem queria saber”, disse. “Houve uma evolução muito grande. A área deixou de ser reativa e busca atuar em um ambiente de negócios cada vez mais complexo, com interações com outros stakeholders – clientes, poder público, fornecedores e até concorrentes”.
As relações governamentais, segundo o executivo de segurança da Totvs, Daniel Bastos, são essenciais para que a empresa perceba como pode ser afetada por políticas públicas. “Temos sete missões críticas e uma delas é segurança da informação. Faço a interlocução com a equipe de relgov e a troca é muito rica. Eles trazem uma imagem real do cenário e nós temos a oportunidade de contribuir nesse debate, ajudando a elaborar a estratégia”.
Para o diretor da MSD, Guilherme Leser, a área de relgov ganhou protagonismo nos últimos anos, que se acentuou com a pandemia de Covid-19. “Deixamos de oferecer consultoria interna para realmente fazer parte da empresa. Entramos nas unidades de negócios, tanto que foi a área de relgov a responsável por criar os planos estratégicos da companhia para os próximos três anos e apresentá-los globalmente”.
Esse maior entendimento do negócio das empresas é vital para a continuidade destas. No caso da MSD, por exemplo, as mudanças na sociedade trarão novos desafios, que devem ser interpretados pelos profissionais de relgov. “O envelhecimento da população vai impactar nosso negócio”, comenta o diretor da empresa. “Em 20 anos, 50% dos brasileiros terão mais de 50 anos de idade. O profissional de relações governamentais precisa entender essa realidade para que auxilie o governo a formular políticas públicas de saúde que atendam essa população”.