Segundo pesquisa “2022 Trends in Public affairs”, da Bloomberg Government, que identificou as principais prioridades que impactarão a área de public affairs em 2023, a forma de se relacionar, fazer advocacy e engajar stakeholders políticos serão os maiores desafios no próximo ano e estão no topo da lista de preocupações e prioridades destes profissionais.
A análise, publicada em julho último e realizada a partir de pesquisa com profissionais da área de public affairs e lobby nos Estados Unidos, mostra um cenário de preocupação destes profissionais quanto ao potencial e poder dos negócios em engajar a audiência certa. Como prioridade para 2023, 67% dos entrevistados dizem que desenvolver o relacionamento é uma prioridade, como também 48% acreditam que este tópico é também um desafio. Na mesma linha, 51% afirmam que o engajamento e a advocacy são igualmente prioridade e desafio para os profissionais no próximo ano.
Isso porque os Estados Unidos passaram pelo chamado Midterm Elections, cuja votação ocorreu em 8 de novembro. Além disso, o cenário pós-pandemia trouxe impactos que são demonstrados também pela pesquisa “2022 Trends in European Public affairs”, publicada em setembro último, e realizada pelo Public affairs Council.
Segundo esta pesquisa, para 86% dos entrevistados, as reuniões virtuais com os formuladores de políticas públicas devem permanecer mesmo após um cenário de pandemia.
Ao mesmo tempo, os respondentes têm uma preocupação quanto ao impacto e efetividade destas.
Fazendo agora um recorte para o Brasil, vivenciamos a mesma situação, cenário
pós-pandemia, muitas reuniões virtuais sendo normalizadas para relacionamento, acabamos de passar por eleições proporcionais e majoritárias e teremos uma boa mexida na composição dos governos.
Sem entrar na análise política e da correlação dos eixos de poder de nosso governo, quero me concentrar aqui principalmente nas ferramentas que o profissional de relações governamentais pode (e deve sempre) se valer, na minha opinião, para o engajamento de suas audiências e, principalmente, trabalhar nas estratégias de influência de grandes políticas públicas: a comunicação.
Não estou puxando sardinha para meu lado, já que sou jornalista, mas é que verdadeiramente acredito no poder do storytelling/ storydoing da comunicação para políticas públicas com base em evidências, da mídia como ferramenta estratégica, e das inovações para comunicação por ter visto na prática seus impactos para tomada de decisões.
Além disso, estamos cada vez mais conectados pelas redes sociais, internet e, como já disse em outra oportunidade de artigo, vivemos numa sociedade em rede, com fluxos informacionais, de alta velocidade, conectados, apresentando estruturas flexíveis suficientes para rápida transformação e
impacto na tomada de decisão.
Neste arcabouço, permeia claramente a responsabilidade e a ética nas relações e informações passadas para sua audiência, tanto é que já temos decretos e resoluções federais que determinam as decisões de políticas públicas com base em evidências, bem como análises de impacto para a melhor avaliação e oitiva das partes interessadas.
O movimento de responsabilidade das empresas, o ESG, trouxe também um elemento positivo para estas relações, o que ajuda muitas empresas a melhorar suas conexões, engajamento e seu Storytelling.
O que quero dizer é que teremos que reforçar as formas de comunicação com estes públicos usando recursos algumas vezes não utilizados por muitos profissionais, mas que são muito poderosos, considerando as relações que desejam rápida absorção de informação, por meio das tecnologias e relações virtuais.
Dessa forma, acredito que as informações e materiais jornalísticos, artigos, pesquisas e análises, as histórias que conectam, os vídeos e áudios, podcasts, novas formas de fazer o tradicional powerpoint para apresentações virtuais que não façam o interlocutor morrer de tédio, position papers e policies one pages serão, mais do que nunca, nossos grandes aliados para 2023.