Promover a igualdade racial no Brasil. Essa é a árdua tarefa da chefe da Assessoria Especial de Assuntos Parlamentares do Ministério da Igualdade Racial, Josiara Diniz. “Fazer relações governamentais é muito mais do que falar com políticos; é ser político. É importante se posicionar. Qual mapeamento de stakeholders dá conta de 350 anos de escravidão? Ou qual métrica de engajamento podemos usar para mobilizar o Brasil? Esses são os nossos desafios”, afirmou.
Ela explicou que há trabalhos de lobby não apenas junto a públicos de fora do governo, mas também em segmentos internos. Segundo Josiara Diniz, sua equipe de três pessoas é pequena para lidar com o Congresso e cuidar de pautas como cotas, ações afirmativas, perfilamento racial e inserção de mulheres negras na política, entre outras. “Imagine ter milhões de pessoas como clientes. E cuidar de diversos aspectos: educação, segurança pública, empregabilidade, agricultura familiar, liberdade religiosa, racismo. Isso é o que fazemos no ministério.” Além disso, atuando, algumas vezes, em um ambiente hostil. “Nem sempre encontramos uma boa acolhida às pautas raciais, mesmo considerando que representam a maioria da população.”
Para a gestora, a pauta racial também envolve questões relativas a negócios, a inserir pessoas negras no mercado de trabalho, na sociedade e na política. “Democracia só existe quando 100% do time estão em campo; não quando apenas 50% jogam. Quando pessoas negras estão subalternizadas, todos são prejudicados. A sociedade perde capacidade tecnológica, criatividade…isso precisa mudar.”