O século 21, pródigo em tecnologias e vertiginoso em velocidade, exige uma mistura sem precedentes de habilidades e capacitação. O painel “O Brasil frente às transformações tecnológicas” debateu o nível de preparação do país para enfrentar esse cenário. De acordo com a moderadora Ariela Zanetta Simoni, gerente de Relações Institucionais e Governamentais da Totvs, a sociedade está em constante busca de bem-estar e soluções para problemas antigos, mas será que o sistema educacional atual é adequado e inclusivo?
Segundo Mariana Rolin, diretora-executiva da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais), que tem como propósito impulsionar o uso de tecnologias para melhorar a vida das pessoas e acelerar o crescimento sustentável, existe uma grande demanda não atendida por profissionais de Tecnologia da Informação. “O setor emprega mais de 2 milhões de pessoas, mas vai precisar de 997 mil novos profissionais de 2021 a 2025, e só forma 159 mil por ano. Ou seja, é preciso investir em
capacitação.”
Para Fabiano de Carvalho Hecht, Institutional Affairs Senior Executive na Telefônica Brasil, o letramento digital é essencial. A pandemia deixou evidente que digitalização e conectividade são essenciais para a vida das pessoas. “A digitalização está na ordem do dia de todos os setores econômicos e na agenda do governo. Infelizmente, a realidade é que boa parte das nossas escolas ainda não está conectada à internet, e 50% das que estão não usam a rede para fins pedagógicos. Isso tem impactos não apenas no desenvolvimento dos alunos, mas também nos professores. É preciso conseguir coordenar diversas políticas públicas para tratar desse cenário.”
É essencial cuidar da juventude. Mario Volpi, chefe do Programa de Desenvolvimento e Participação de Adolescentes e Jovens do Unicef no Brasil, alerta que, infelizmente, o país vive hoje o fim do bônus demográfico – está envelhecendo antes de ter ficado rico. “Perdemos uma oportunidade muito importante de formar a geração atual, ao negligenciar os jovens que tivemos nas décadas de 1990, 2000, 2010. Esse é um grande desafio, relacionado a políticas públicas de inclusão, transferência de renda e melhoria da qualidade de vida, que estão na base do desenvolvimento tecnológico.”
Para Volpi, a sociedade está diante de uma transição paradigmática no mundo do trabalho, com a tecnologia substituindo cada vez mais o trabalho humano. “Temos que avaliar como a tecnologia será inclusiva, para que toda a população participe dos benefícios do desenvolvimento tecnológico, e que este não se transforme em um fator de agravamento das dificuldades que geram todos os problemas desse país, da violência aos discursos de ódio. Queremos ser o país que desenvolve soluções digitais com criatividade e inovação, e para tal é necessário criar um pensamento tecnológico nos anos iniciais de vida.”