Reconhecendo a crescente importância de um relacionamento ético e transparente entre os setores público e privado, os encontros realizados trouxeram especialistas para explorar conceitos, desmistificar noções pré-concebidas e discutir os impactos positivos da adoção de práticas de integridade no relgov.
No primeiro encontro recebemos a professora Andrea Gozetto, pioneira nos estudos sobre lobby no Brasil, que traçou um panorama histórico do relgov, destacando a transição de um estigma de marginalidade para um campo cada vez mais regulado e ético. Ela destacou que, após o fenômeno “Lava Jato” e as mudanças legislativas que se seguiram, as empresas começaram a compreender a necessidade de construir relações éticas, transparentes e impessoais com o governo, criando um ambiente mais propício à integridade.
O segundo encontro do GT teve como convidado Guilherme France, da Transparência Internacional Brasil, que apontou que a transparência contribui para fortalecer os processos decisórios, gerando maior legitimidade perante a sociedade. Segundo ele, a transparência também reduz os riscos de corrupção, além de permitir que os processos decisórios cheguem a políticas públicas mais eficazes e de melhor qualidade.
A Lei de Acesso à Informação foi o tema do terceiro encontro, com Marcus Thulio Rocha Bezerra e Carolina Palhares, do Ministério do Planejamento e Orçamento. Os convidados explicaram o fluxo das solicitações de acesso à informação, uma ferramenta importante à disposição da sociedade civil, e destacaram que grande parte das informações solicitadas já está disponível nos diversos portais de dados abertos do Governo Federal.
Ainda no terceiro encontro, Isabella Britto, da Controladoria-Geral da União, esclareceu o funcionamento do sistema e-Agendas, que torna públicas as agendas dos principais tomadores de decisão governamentais. Trata-se de um instrumento que torna possível mapear e compreender como se dá o processo decisório no nível federal.
Encerrando os encontros, a professora Paula Schommer, da Universidade do Estado de Santa Catarina, discutiu conceitos de accountability e coprodução de políticas públicas, explorando sua relevância para as práticas de relgov.
Um ponto comum entre as apresentações foi o reconhecimento do profissional de relgov como um agente essencial na promoção da transparência e integridade nas relações público-privadas. Ao adotar práticas éticas e comprometidas com os padrões de compliance, esses profissionais não apenas fortalecem a legitimidade de sua atuação, mas também contribuem para a construção de um ambiente de confiança mútua entre empresas e governo.
Esse GT foi um marco para consolidar a importância da integridade como valor central no relgov, reforçando que a transparência e o compliance não são apenas objetivos a serem alcançados, mas ferramentas indispensáveis para a evolução da atividade.
Por Carlos Petiz, líder do GT Transparência, Integridade e Compliance