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DIÁLOGOS IRELGOV | 2022 - EDIÇÃO 1 - MARÇO
ARTIGO
Advocacy ganha impulso com causas
abrangentes: a experiência da Abiplast
Como seu setor atua? Quais são os principais desaos?
O setor que representamos, o de plástico, está presente em
99% da matriz industrial brasileira e na casa de todo o cidadão
se comunicar com todos, pois não temos um nicho de público.
Temos a sociedade inteira.
Claro que recentemente temos tido uma
grande preocupação mundial em relação
à poluição plástica, mas temos trabalha-
continuar a fomentar a economia circu-
lar e, por outro lado, lutar contra a de-
sinformação.
Quais as estratégias mais ecientes
de advocacy que sua associação adota?
Não existe bala de prata nem a melhor
estratégia. Estratégias são utilizadas
e pensadas de acordo com contextos e
atores. E como estes são mutantes, as
estratégias sempre são renovadas. Uma
orientação que temos é trazer o debate
técnico e transparente. O acesso à infor-
mação é fundamental e estar atualizado sobre o que se debate
em políticas públicas ao redor do mundo ajuda na atuação e
traz elementos que inspiram alternativas.
Qual a principal causa pela qual a associação faz advocacy?
Temos a atuação voltada para a Competitividade Setorial, mas
uma das principais causas é a promoção da Economia Circu-
lar. Nosso setor tem essa missão de trazer soluções para essa
agenda. Buscamos incentivar o redesign e a reutilização de
produtos, garantir a reciclagem e buscar materiais alternativos
para nossos clientes.
Qual o nível de engajamento da sociedade percebido pela
associação nessa causa?
Temos caminhado a passos lentos. A agenda da Economia Cir-
cular é uma temática pública que envolve a sociedade em ge-
ral. Tem relação com consumo consciente, sustentabilidade,
inovação, distribuição de renda, escolaridade, infraestrutura e
uma miríade de nuances.
Como é a articulação com a sociedade civil? Quais são as
diculdades?
Temos uma diversidade enorme de produtos e cada um com
ciclo de vida e solução diferentes. Produtos hospitalares, de
engenharia, farmacêuticos, de saneamento, os de vida média e
longa. Os holofotes estão sobre os produtos de vida curta, ou
“single use” (de uso único), como emba-
lagens.
atuar. Quando se troca um produto por
outro, é importante saber a decisão que
se está tomando. É difícil para a socie-
dade entender que, às vezes, uma deci-
são tomada por uma minoria organizada
geralmente tem impactos enormes no
restante da sociedade. O exemplo do
que se fez com o banimento das sacolas
plásticas e dos plásticos de uso único é
nítido de como esse processo funciona.
A falta de diálogo, de transparência e de
-
des que precisam ser superadas. Enten-
do que esse deve ser também o papel
da associação de classe. Contribuir para
criar espaços de debate, participativo e coletivo. -
camos limitados à nossa bolha, perdemos a oportunidade de
criar pactos sociais mais duradouros e estruturais.
§vernamentais?
A acessibilidade e a supressão do espaço e tempo foram fun-
damentais. Com a Covid-19, tivemos que criar espaços on-line,
virtuais. Claro que as relações pessoais movidas a oxitocina li-
beradas pelos apertos de mão e abraços continuam fundamen-
tais, mas temos que considerar que a geração Y está aí e está
muito mais adaptada a esse formato. As novas estratégias têm
que levar em consideração este modelo híbrido.
O que você acha que poderia ser feito para aperfeiçoar as
relações governamentais no Brasil?
A regulamentação do lobby seria um grande passo. Transpa-
rência e governança nas relações são o caminho. Pelo lado
avaliação, montagem de mapas, clusters de atuação etc., têm
Paulo Teixeira, superintendente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast)
Paulo Teixeira
Foto: Arquivo pessoal