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DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
Expediente #01 - Março - 2023
DIÁLOGOS IRELGOV é uma publicação
do Instituto de Relações Governamentais
(IRELGOV) - Rua Dr. Renato Paes de Barros
n° 33 - Sl. 151 - Itaim Bibi | São Paulo - SP
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Conselho Deliberativo
Jorge Lima - Presidente
Anna Paula Losi - Vice-presidente
Carlos Lima - Conselheiro Administrativo e
Financeiro
Verônica Hoe Lopes - Conselheira de Projeto
de Negócios
Diego Zancan Bonomo - Conselheiro de
Planejamento Estratégico
Denilde Holzhacker - Conselheira de
Conteúdos
Wagner Parente Filho - Conselheiro Jurídico
Gisela Martinez - Conselheira de Comunicação
Paulo Homem - Conselheiro de Parcerias
Silvia de Toledo Fagnani - Conselheira de
Relacionamento com Clientes
Diretor de Comunicação
Thomaz D’Addio
Coordenação Editorial
Gisela Antakly Martinez
Thomaz D’Addio
A revista Diálogos IRELGOV é editada pela
Arteiras Comunicação
Rua Conde de Baependi, 39/ 502 - Flamengo
Rio de Janeiro - RJ - CEP: 22231-140
Tel: (21) 99913 4464
E-mail: irelgov@arteiras.com.br
Jornalista Responsável
Luiza Paula Sampaio (MTb 17.043)
Colaboraram nesta edição
Aldo Valentim, Anita Cardoso, Elisa de Araújo,
Fabiana Gadelha, Fernando de Moraes,
Frederico Oliveira, Giuliana Franco, Helga
Franco, Iolanda Vieira, Jackson Campos, Jaime
Oliveira, Juliana Marra, Larissa Menezes, Marcus
Peçanha, Rafa Costa, Renard Aron e Vinicios
Pacheco
Suporte
Márcia Rosa
Patricia Coelho
Copyright © IRELGOV 2023 - Permitida a
reprodução desde que citada a fonte.
Em pleno século 21, não é mais possível viver sem considerar os impactos de
nossa presença no planeta, hoje e no futuro. Pessoas e, mais ainda, empresas
devem levar em conta conceitos até então pouco conhecidos relacionados à
conservação do meio ambiente, ao respeito às comunidades na qual estão
inseridas e a condutas éticas e responsáveis, formando um tripé sintetizado
na sigla ESG. Muitas vezes os responsáveis por internalizar essas práticas no
cotidiano das organizações são as equipes de relações governamentais - e é


a um ponto essencial deste século, a promoção e o respeito à diversidade. Esta
não deve se limitar aos clientes e fornecedores, mas também estar entre os
colaboradores, em todos os níveis hierárquicos. E não se trata tão somente de

mas também de se ajustar aos desejos e necessidades dos consumidores,
condição sine qua non para organizações que buscam a perenidade. Nesse
          
governamentais. De que forma o racismo se manifesta? Existe respeito às
diferentes identidades de gêneros e orientações sexuais? As Pessoas com

os caminhos para alterar o cenário atual, ainda distante do desejável?
Assuntos complexos e com respostas nada fáceis, mas que buscamos abordar
          
os preconceitos e construir um amanhã mais justo e igualitário - em outras
palavras, melhor para todos.
Boa leitura!
Gisela Martinez e Thomaz D’Addio
EDITORIAL
Nesta edição
03
05
14
34
IRELGOV lança Agenda de Relações
Governamentais e Políticas Públicas 2023-2024
Sociedade sem preconceito, um sonho
possível?


RADAR
MATÉRIA
ARTIGO
Editorial
2
Preconceito contra
 23
Preconceito racial 25
ESG nas empresas 29
Fala, associad@! 37
Novos associados 38
ESG: ainda um longo caminho a percorrer
CAPA
3
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
      
Agenda de Relações Governamentais
e Políticas Públicas 2023-2024. Com
o instrumento, o instituto pretende
organizar e priorizar a produção de
conhecimento sobre a atividade. O
     
Planejamento Estratégico 2022-2026, é
produzir e difundir conhecimento sobre
relações governamentais e políticas
    
da atividade, no aperfeiçoamento das
relações público-privadas , na promoção
das boas práticas regulatórias e no
debate de políticas públicas horizontais,
fortalecendo a reputação das e dos

Clique aqui para conferir a Agenda de
Temas.
RADAR
IRELGOV lança Agenda de Relações
Governamentais e Políticas Públicas
2023-2024
Nova temporada do
podcast Transforma-
Gov está no ar
A nova temporada do podcast TransformaGov
está no ar. No primeiro episódio de 2023, o
professor Leonardo Trevisan, da ESPM, conversou
com Guilherme Magalhães, editor de Opinião do
JOTA, sobre “Os primeiros 100 dias de Governo
    
em parceria com a ESPM. Não perca: associados
poderão participar da próxima temporada.
Clique aqui para ouvir.
4
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
RADAR
O IRELGOV acaba de lançar um edital
para submissão de artigos para projeto
editorial a respeito da interação
necessária entre relações governamentais
e novas tecnologias, e seu impacto na
     
atividade de relações governamentais.
Os artigos aprovados pelo Comitê
    
coletânea a ser publicada em formato
de livro (com ISBN), com previsão de
lançamento em 2024. A obra vai reunir de
artigos de autores convidados e aqueles
selecionados pelo edital. Interessados
poderão enviar, até o dia 3 de abril de
2023, um resumo de seu artigo para o
e-mail editora.dialogos@irelgov.com.br.
Clique aqui para acessar o edital.
Estão abertas as inscrições para o
projeto editorial sobre relações
governamentais e novas tecnologias
ESG: ainda um longo caminho a
percorrer
CAPA
5
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023- EDIÇÃO 01 - MARÇO
Contra fatos não há argumentos: após a Re-
volução Industrial, a humanidade aumentou
de forma exponencial seu impacto sobre o
planeta e, agora, aproxima-se rapidamente
de um esgotamento dos recursos naturais, o
que provocará mudanças radicais nos modos
de viver e nos modelos econômicos.
A implantação de novas formas de produ
-
ção, consumo e organização social se impõe
e a criação dos conceitos de ESG pode repre
-
sentar um alento. Mas é preciso cautela ao
avaliar seus resultados, nem sempre unâni
-
mes.
A sigla ESG surgiu pela primeira vez em um
relatório da ONU (Organização das Nações

-
ceiras de nove países - incluindo o Brasil - de-
bateram projetos e recomendações sobre
como incluir questões ambientais, sociais e
de governança na gestão de ativos, na polí
-
tica econômica e em pesquisas relacionadas
ao tema.
Para alguns analistas, o conceito de ESG
   
negócios no sentido de uma sociedade justa
e ambientalmente sustentável, com quali
-
dade de vida para todos. Entende-se que as
empresas têm responsabilidade em relação
aos impactos que provocam no meio am
-
biente e na sociedade - lucro e retorno aos
acionistas já não devem mais ser o foco de
-
las e sim a geração de valor para todos os
públicos com os quais as empresas se rela
-
cionam - os stakeholders.
Até porque cuidados com o meio ambiente,
responsabilidade social e melhores práticas

-
vamente no balanço das empresas. Mas será
que as empresas efetivamente incorpora
-
ram os conceitos de ESG em sua cultura? Fre-
derico Amaral de Oliveira, CEO e fundador
da Sigalei, considera que essa é uma realida
-
de que ainda não se concretizou. “Acho difí-
cil falar que é uma prática bem estabelecida
nas empresas. Dentro da minha experiência
6
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
com o tema, vejo empresas que se preocu-
pam e outras não. E mesmo dentro das em-
presas que se preocupam, a prática do ESG
é parcial, isto é, em alguns pontos ela está
em conformidade, em outros pontos não. E,
ainda, é preciso avaliar se o ponto de con
-
formidade do ESG é realmente alinhado às

Ele ressalta que muitas ainda estão presas
na medição de KPIs de meio ambiente e di
-
versidade, como, por exemplo, pegadas de
carbono e diversidade. Poucas estabelece
-
ram um processo contínuo de engajamento
de stakeholders que, na visão dele, constitui
o cerne do processo.
Acredito que, para realmente introjetar os
conceitos do ESG dentro da cultura da com
-
-
ção dos objetivos estratégicos por meio da
reavaliação da importância dos stakeholders
aos quais ela precisa servir e repensar meios
para equilibrar os interesses. Caso o interes
-
se do acionista de curto prazo seja maior do
     
-
mente pautas relacionadas à sustentabilida-
de serão prioridade, pois podem represen-
tar redução da lucratividade, o que impedirá

Giuliana Franco, consultora autônoma para
agenda de análise política e ESG, concorda
com o CEO da Sigalei. Segundo ela, várias
empresas incorporaram os conceitos, mas
ainda há muito o que fazer. “Algumas orga
-
nizações, preocupadas com a sustentabi-
lidade de seus negócios a longo prazo, im-
plementaram conceitos ESG, antes mesmo

estratégias produtivas. É o caso da 3M, que
atua no Brasil desde 1945, e foi pioneira em
implementar estratégias de sustentabili
-
dade em seus processos produtivos. Aqui é
preciso diferenciar sustentabilidade de ESG:
a primeira é um conceito amplo, relacionado
à missão da empresa, no seu estar no mun
-
do. Já o ESG está conectado às métricas de
investimentos e aos ganhos e compromissos
com os shareholders
Franco ressalta que ainda falta um longo
caminho para que a implantação dos concei
-
tos ESG seja ampla e efetiva. Segundo ela,
atualmente a implementação é limitada e
a cultura empresarial precisa evoluir para
valorizar as responsabilidades social e am-
biental. Além disso, é necessário que haja
maior clareza e conscientização sobre os
conceitos ESG entre investidores, empresas
e outras partes interessadas. “Implementar
CAPA
Frederico Amaral de Oliveira
CEO e fundador da Sigalei
7
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
CAPA
conceitos como esses de forma efetiva e in-
corporá-los na cultura de uma empresa exi-
ge comprometimento e esforço de vários ní-
veis da organização, incluindo a liderança, a
equipe de gestão e os funcionários. Requer
tempo, esforço e dedicação, mas pode ter
    
  

Opinião similar tem Renard Aron, consultor
     
que a adoção dos conceitos ESG varia muito
entre as empresas. Recursos, cultura interna
e a percepção entre a liderança da empre
-
sa sobre a real necessidade de implementar
ações concretas de ESG são alguns dos fa
-
tores que impactam o nível de comprometi-
mento. “Creio que, para vencer resistências
internas e críticas externas, é necessário que
a liderança da empresa abrace o ESG de for
-
ma inequívoca. E isso somente se dá, se os
conceitos forem ao encontro aos valores da
empresa. Caso contrário, pressões podem
facilmente causar reveses e danos à reputa
-
ção da companhia (um exemplo recente é o
caso do Bradesco, que tirou do ar campanha
promocional de um aplicativo para reduzir a
pegada de CO2 de seus clientes, após críti
-

Marcus Peçanha, sócio-fundador da Verd
Invest Consultoria Ambiental, ex-CFO da
Fundação Florestal e ex-assessor especial
do Ministério do Meio Ambiente, corrobora
      

-
nha visão, toda a empresa precisa entender
que esses conceitos são importantes para o
resultado no longo prazo. O Conselho e o
CEO devem ter claro que a competitivida
-
de da empresa estará em jogo. Mas todos
os outros departamentos também têm que
participar do processo. O RH, além de difun
-
dir a cultura, tem que ajudar na construção
de uma política de bônus que faça com que
os executivos persigam isso efetivamente.
O pessoal da Logística não pode ver apenas
os custos, mas também o valor. O CFO tem
que perceber as questões de ESG como um
ponto de melhoria da estrutura e do custo

De acordo com a diretora sênior de As
-
suntos Corporativos e Governamentais da
 
-
ta política Helga Franco, a empresa possui
compromissos claros com os conceitos de
Implementar conceitos como esses (....)
requer tempo, esforço e dedicação, mas
pode ter recompensas significativas em
termos de desempenho financeiro (....) e
reputação
Giuliana Franco
Creio que, para vencer resistências
internas e críticas externas, é necessário
que a liderança da empresa abrace o
ESG de forma inequívoca
Renard Aron
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DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
ESG e tem priorizado a cadeia de parceiros
e fornecedores, ingredientes, clima e emba
-
lagens. “A agenda já está presente em nosso

nos últimos dois anos, uma vez que vimos a
importância do papel da indústria para fa
-
zermos a diferença de forma positiva. Acre-
dito que, para fazer com que os conceitos
sejam introjetados na cultura, é necessário

-

O diretor de Relações Institucionais da AGL
Cargo, Jackson Campos, acredita que muitas
empresas já adotam os conceitos, mas que
o mais comum é começar cobrando de suas
cadeias de contatos, muitas vezes por con
-
ta de uma demanda internacional. “Para que
os temas entrem efetivamente na cultura da
companhia, precisa haver comprometimen
-
to de acionistas e diretores, alinhado com
políticas e treinamentos de conscientização


-
rio do ESG? “Nosso país, desde a década de
1930, preocupa-se com questões ambien
-
tais e foi um dos pioneiros em legislações
sobre o tema com a publicação do Código
de Águas e do Código Florestal, ambos ins
-
     
No entanto, de forma integrada e sob a sigla
ESG, a discussão do tema começa em 2019.
“Esses conceitos têm chegado cada vez mais
ao Brasil e estão sendo adotados por investi
-
-
ceiras, como uma forma de avaliar o desem-
penho ambiental, social e de governança das
empresas.
CAPA
Marcus Peçanha
Sócio-fundador da Verd Invest
Consultoria Ambiental
Jackson Campos
Diretor de Relações Institucionais da
AGL Cargo
Para que os temas entrem efetivamente
na cultura da companhia, precisa haver
comprometimento de acionistas e
diretores
Jackson Campos
9
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
CAPA
O ‘G’, de Governança Corporativa, é particu-
larmente relevante no Brasil, uma vez que o
    
a questões de transparência e responsabi
-
lidade nas empresas, além de todo o pro-
cesso relacionado ao combate à corrupção
nas relações entre governo e instituições

Os conceitos ESG chegaram com força ao
Brasil, tanto nas empresas brasileiras, que
buscam se adequar às novas regras do co
-
mércio internacional, ditadas, por exemplo,

-
to nas multinacionais, que seguem as dire-

diz Renard Aron.
Segundo ele, os conceitos mais fáceis de se
-
rem aplicados no Brasil são o de sustentabi-
lidade e do meio ambiente, pois são áreas
nas quais as empresas têm, na sua maioria,
décadas de experiência. “A governança inter
-
na (entre elas ações de compliance e trans-
parência) é outra área em que empresas já
avançaram muito no Brasil. O conceito mais
difícil de ser implementado é o do social,
pois lida com temas que não são unanimida
-
de na sociedade brasileira, como questões

Já Peçanha acredita que os conceitos mais
aplicados são os facilmente mensuráveis.
   
-
ca são aqueles de natureza complexa. Isso
acontece, normalmente, por duas razões.
A primeira é que há diversos indicadores
que precisam ser analisados em conjunto.
     
-
tamento, por exemplo, é preciso analisar fa-
-
ciais, carbono, biodiversidade, emprego etc.
Não há fórmula mágica e é preciso inovar
e construir soluções complexas. A segunda
razão é que normalmente uma ação de na
-
tureza complexa não é implementada por
     
-
da e desenhada em conjunto com diversos
stakeholders locais, governos, entidades de
classes, ONGs e bancos de fomento, entre
     
Invest.
Helga Franco, da Mondelez Brasil, considera
que as empresas no país sabem da necessi
-
dade de uma agenda ESG bem estruturada
e já entenderam que não há mais como se
-
     -
pósito e responsabilidade corporativa. “Os
esforços têm que ser voltados para que pos
-
samos fazer o que é certo para a sociedade
e para o planeta, com maior valor agrega
-
do para o consumidor e para o negócio, de
Renard Aron

10
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
CAPA
forma sustentável. Posso dizer que esse é o
    
colocar em prática o discurso sustentá
-
vel e tornar o tema realidade no dia a dia

A comparação do cenário doméstico com
o que é feito no exterior às vezes é favorá
-
vel. Algumas empresas de capital brasileiro
possuem uma compreensão profunda dos

a questões ESG, o que as ajuda a tomar de
-
cisões informadas e a implementar práticas
efetivas nas questões ambientais. “Sabe
-
mos que o Brasil possui uma matriz ener-
gética limpa e tem cada vez mais ampliada
a gama de fontes de energias alternativas
renováveis, o que facilita a implementação
de métricas de redução de pegada de carbo
-
no, diferentemente de empresas baseadas
em países que possuem geração de energia
por meio de fontes não renováveis, como
     
Giuliana Franco. “O que pode ser considera-
do um ponto fraco é a falta de transparência
das empresas nacionais ao comunicarem aos
seus investidores seus controles, processos,
ganhos e relações com stakeholders. Em ge
-
ral, é importante lembrar que a comparação
do desempenho ESG entre empresas de di
-
     -
do às diferenças regulatórias, culturais e de
contexto. No entanto, é importante realizar
esta comparação para ajudar a avaliar o pro
-


Aron concorda que o ponto forte das em
-
presas nacionais sejam as ações de susten-
tabilidade (meio ambiente), desde projetos
de plantio regenerativo até o compromisso
de empresas como Marfrig e JBS de acabar
com o desmatamento ilegal ao longo de sua
cadeia produtiva, que foi alcançado na COP
27. Ele faz uma comparação com as empre
-
sas nos Estados Unidos. “Elas incorporaram
a agenda ESG mais cedo, mas acredito que
o Brasil não esteja muito atrás e, em alguns
casos, está à frente. O mais interessante é
que a experiência americana e a brasileira
são parecidas, pois ambas sociedades são
altamente polarizadas. Isto complica, em
muito, a agenda social, pois temas como a
Giuliana Franco
Consultora autônoma para agenda
de análise política e ESG
Esse é o principal desafio do mercado
brasileiro: colocar em prática o discurso
sustentável e tornar o tema realidade no
dia a dia corporativo
Helga Franco
11
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
CAPA
    -
   
Assexuais e Pansexuais +) e equidade racial
trazem uma conotação política e identitária
forte. Neste sentido, o ambiente nos EUA é
mais complicado, pois empresas que se po-
sicionam publicamente sobre temas sociais
correm o risco de retaliação pelo poder pú
-
blico. Existem vários exemplos, mas entre
os mais notórios estão a Disney, na Flórida
e a Delta, na Geórgia. No Brasil, só vejo uma
empresa na vanguarda desse movimento
(com foco no S): o grupo Magazine Luiza.
Outra empresa brasileira que se destaca en
-
tre seus pares globais é a Natura (na agenda
E), que ano passado foi incluída na lista das
2022 Best for the World B Corps, por suas
ações voltadas ao meio ambiente, integran
-
do a sustentabilidade ao negócio.
Um dos caminhos para assegurar a incorpo
-
-
tiva na vida das empresas é o alinhamento
com os stakeholders. Frederico de Oliveira,
da Sigalei, sustenta que o processo é funda
-
mentado na gestão de públicos de interes-
se, pois, na prática, ESG é um conjunto de
requisitos de negócios gerado a partir da
resultante dos interesses dos stakeholders.
Consequentemente, é fundamental que o
processo de relacionamento com esses pú
-
blicos de interesse seja sólido e bem cons-

Para Franco, a solução passa por uma boa
governança. “O compromisso com a agen
-
da ESG precisa caminhar junto aos resulta-

impacto direto na forma com que nossos
stakeholders veem a companhia. Por isso, a
governança é de extrema importância, pois
é a partir de diretrizes e políticas claras, que
as empresas alcançam, por exemplo, parcei
-


Peçanha acredita que as organizações po
-
deriam fazer a pergunta oposta: com quais
stakeholders podemos nos relacionar e quais
alinhamentos podemos construir com eles
para que possamos atingir os indicadores
mais sólidos em ESG e melhorar o posicio
-
namento e a competitividade da nossa orga-
nização no médio prazo? “O relacionamento
com os públicos de interesse não pode ser

-
ciso lembrar que a meta é ter uma organiza-
ção capaz de cumprir um propósito, gerando
benefícios para a sociedade e retorno para
os seus acionistas. A partir daí se faz um
mapa de stakeholders
-
ses comuns e contrários, possibilidades de
sinergias e resistências e se traça uma estra
-

Dentro das organizações, torna-se frequen-
te a condução desse processo por meio de
   
Mesmo sendo conceitos diferentes, estão
Na prática, ESG é um conjunto de
requisitos de negócios gerado a partir
da resultante dos interesses dos
stakeholders
Frederico de Oliveira
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DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
relacionados. Cabe à equipe de relgov bus-
-
vernamentais, internacionais ou até mesmo
de políticas internas das empresas, com o
propósito de atingir as metas e indicadores
de ESG. Para Giuliana Franco, o ESG tem sido
cada vez mais importante para a reputação
das empresas, uma vez que investidores,
consumidores e outros stakeholders estão
conscientes da importância das questões
ambientais, sociais e de governança para o
desempenho a longo prazo de uma empresa.
“Uma boa reputação ESG pode ajudar a atrair
e reter investidores, aumentar a lealdade

-
ca na empresa. Por outro lado, más práticas
podem levar a danos irreparáveis à reputa
-
ção da empresa e afetar seu desempenho

-
ções governamentais atuar conjuntamente
com demais times, como de comunicação,
relação com investidores, EHS, entre outros,
para que as empresas monitorem e melho
-


-
gov possuem um papel fundamental como
conselheiros e interlocutores no tema, po
-
rém o assunto precisa fazer parte de todas
as áreas de uma companhia, e cabe aos líde
-
res se aprofundarem na agenda e entende-
rem como as práticas podem ser aplicadas
em sua área de atuação. “Essa deve ser uma
prioridade do negócio e, sendo do negócio,
automaticamente se torna uma prioridade
para todos que trabalham diariamente na
empresa. O compromisso com ESG tem que

  
os mais bem equipados com os conhecimen
-
tos para liderar esse processo na organiza-
ção. “Na essência, é um trabalho de gestão
de stakeholders. Tenho visto com frequência
relgovs assumindo essa responsabilidade

O sócio- fundador da Verd Invest Consulto
-
ria Ambiental concorda: “Acredito que os
   
têm conhecimentos sobre políticas públicas,
política e diversos stakeholders. Além disso,
Helga Franco
Diretora sênior de Assuntos Corporativos e

no Brasil
CAPA
A meta é ter uma organização capaz de
cumprir um propósito, gerando benefícios
para a sociedade e retorno para os seus
acionistas
Marcus Peçanha
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DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
CAPA
A letra “E corresponde à palavra environmental (em inglês) e se refere às práticas
das empresas em relação à conservação do meio ambiente e à atuação sobre temas

-

O “S”
a comunidade na qual estão inseridas, o respeito às leis trabalhistas e aos direitos
humanos, o engajamento dos colaboradores e a diversidade da equipe.
“G vem de governança e lida com a administração das empresas, a exis
-
tência de controles e auditorias, códigos de conduta corporativa e a relação com
autoridades públicas.
ESG: o que signicam essas letrinhas?
normalmente sabem lidar bem com gestão
de risco e questões de compliance, compe
-
tências fundamentais para lidar com ESG.
    
-
paz de desenvolver um mindset propenso à
inovação e de entender bem a estratégia e a

E qual a receita para introduzir as agendas
de sustentabilidade e meio ambiente, social
e de governança em relações governamen
-
-
tinua ele. “A princípio, é preciso atuar nas
questões mais mensuráveis, para que se pos
-
sa ter um bom diagnóstico e traçar metas
facilmente tangíveis. A partir daí, é preciso
    
-
mente mais e se diferenciar da concorrência,
é necessário atuar em conjunto com outros
stakeholders, em função de temas mais com
-
plexos. Buscar assessoria técnica é impor-
tante, mas o fundamental é cuidar para que
a construção da estratégia e da atuação se

em função do propósito, da cultura e da vi
-

Frederico de Oliveira aposta em atenção
-
gov - eles precisam estar continuamente
atualizados sobre as ações de ESG da orga
-
nização na qual atuam. “Essas informações
podem e devem ser utilizadas como insumo
para trabalhar pautas junto aos públicos de
interesse, no intuito de mostrar que a em
-
presa é responsável e se preocupa com os
diversos interesses, antes de uma tomada
de decisão, para a maximização do valor ge
-
rado pela sociedade. Essa estratégia produz

stakeholders colocam na instituição, e se
traduz em melhores resultados para a

Sociedade sem preconceito,
um sonho possível?
MATÉRIA
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DIÁLOGOS IRELGOV | 2023- EDIÇÃO 01 - MARÇO
No século XXI, não há espaço para pre-
conceitos em relação a orientação se-
xual, cor da pele, gênero, pessoas com

-
criminação. Um futuro diverso e repleto
de possibilidades se descortina à frente,
com a incorporação de pessoas de todo
tipo e origem social. No entanto, a reali
-
dade é outra, muito distante desse retra-
to ideal - e desejável.
     
inaceitável. O rigor da lei e a repressão
a comportamentos preconceituosos são
importantes, mas a única solução real
para o problema passa pela educação,
caminho para a construção de uma socie
-
dade justa e igualitária.
No Brasil, as pesquisas registram um au
-
mento da quantidade de pessoas que
se consideram vítimas de preconceito.
Segundo o Instituto Datafolha, o núme
-
ro pulou de 23%, em 2008, para 30% em
2019. A pesquisa, de 2019, mostra que
30% dos brasileiros dizem ter sofrido
discriminação por causa da classe social.
Entre as outras razões pelas quais sofre
-
ram preconceito estavam local de resi-
dência (28%), religião (26%), sexo (24%),
cor (22%) e orientação sexual (9%). Gays
e lésbicas são as grandes vítimas do pre
-
conceito por orientação sexual, de acor-

já terem sofrido preconceito. Os bissexu
-
ais vêm logo atrás (38%) - as queixas dos
heterossexuais se restringem a 6%.
A pesquisa indicou que 35% das mulhe
-
res (e somente 11% dos homens) decla-
raram já ter sofrido preconceito de gêne-
ro. A pesquisa revela ainda que 22% dos
brasileiros disseram já terem sido vítimas
de preconceito racial. A discriminação é
maior entre os entrevistados que se au
-
todeclararam pretos: 55%, seguidos de
30% dos indígenas, 18% dos pardos, 11%
dos brancos e 9% dos amarelos.
15
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
Como se não bastasse, o preconceito
tem relação direta com a violência. De
acordo com dados do SUS (Sistema Único
de Saúde), um integrante da comunidade
   
   
-
sexuais e Pansexuais +) é agredido por
hora no país. A triste situação se estende
à população preta: o mesmo SUS regis
-
trou incremento de 59% das mortes vio-
lentas no Brasil contra pretos e pardos

-
do (entre 2011 e 2019), esse tipo de mor-
te só aumentou pouco mais de 1% entre
brancos.
Em uma sociedade desigual, discrimina
-
tória e violenta como a brasileira, como

-
    -
tos e atitudes provocam na atividade?
Como combater as más consequências?
O primeiro passo, nem sempre fácil, é
    
velado. De acordo com Juliana Marra, Ge
-
rente sênior de Relações Institucionais e
Governamentais da Unilever, o precon
-
ceito no ambiente corporativo acontece
de variadas maneiras, inclusive de forma
clara, com ofensas explícitas. “No entan
-
to, as mais comuns são as sutis como, por
exemplo, não envolver uma pessoa de
-
   
de grande exposição ou limitar sua in
-

diversidade. Justamente por ser um pro
-

Anita Cardoso, consultora e palestrante
nas áreas de relações públicas, comuni
-
cação organizacional e responsabilidade
social, concorda que os preconceitos,
tanto nas organizações quanto na so
-
ciedade, se apresentam de forma ca-
 “É importante ressaltar que o
preconceito faz parte de uma constru
-
ção social de determinada sociedade e
por isso, está na raiz da mesma. Ele se
manifesta de diversas formas: capacitis
-
mo (contra PcDs), machismo, etarismo,
racismo, sexismo, etnocentrismo, clas-
   -
bia (contra pessoas com orientação de
gênero diferente de seu gênero físico

Costa, coordenador de Engajamento da
Climate e membro da Associação Bra
-
sileira de Psicologia Política (ABPP), o
Juliana Marra
Gerente sênior de Relações Institucionais e
Governamentais da Unilever
MATÉRIA
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DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
preconceito é tão sutil, que se manifes-
ta de forma inconsciente. “Esse proces-

suporte de outras pessoas que não estão
sujeitas a sentirem e estabelecerem de
maneira compartilhada as representa
-
ções e os signos de rejeição, suspeita e/
ou hostilidade experimentadas pelas ví
-

Cardoso acredita que os principais instru
-
mentos para combater o preconceito são
educação para a diversidade, inclusão e
legislação. O importante seria uma edu
-
cação desde a primeira infância, onde a
    
suas diversidades, valores, culturas e re
-
ligiões, entre outros pontos. “A punição
deve vir como ferramenta última, para

preconceito tem princípio educacional e
a sua manutenção tem princípio na puni
-
ção, ou seja, quanto mais punição, mais

Elisa de Araújo, gerente de Relações Go
-

Brasil tem avançado, ainda que vagarosa
-
mente, na construção de leis e políticas
públicas que buscam combater o precon
-
ceito. “Por exemplo, no caso do precon-
ceito racial, temos legislações buscando
atacar pontos estratégicos e promover a
igualdade, desde a política de cotas para
negros terem acesso à universidade pú
-
blica até a equiparação do crime de injú-
ria racial ao crime de racismo, passando
pelo Estatuto da Igualdade Racial e pela
lei do ensino da história da África nas es
-
colas. Porém, ainda existem problemas
na implementação destas políticas e pu
-

No mundo corporativo, os problemas
também persistem, mas as empresas
buscam continuamente soluções. Segun
-
do Juliana Marra, a maior parte das orga-
nizações possui códigos de conduta com
regras claras a respeito do tratamento
das pessoas. “Aqui na Unilever, por exem
-
plo, as regras são muito claras. A empresa
Elisa de Araújo
Gerente de Relações Governamentais
da Coca-Cola
MATÉRIA
Os principais instrumentos para combater
o preconceito são educação para a
diversidade, inclusão e legislação
Anita Cardoso
17
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
está comprometida com um ambiente de
trabalho que promova diversidade, opor
-

mútua, respeito pelos direitos humanos
e não haja discriminação. Portanto, qual
-
quer ação que venha a ferir esses princí-
pios será avaliada e consequentemente
punida, se for o caso. Para isso há a área
de Business Integrity, ou área de Com
-
pliance, o canal de denúncias onde você
pode fazer relatos de forma anônima e

Ela crê que, para promover a igualdade
dentro das empresas, é necessário tra
-
balhar para aumentar a presença das mi-
norias entre os líderes. “No caso de gê-
nero, observo que há muitas empresas
que possuem metas para ter o mesmo
número de líderes homens e mulheres,
mas isso não se aplica tanto às pessoas

O comportamento das empresas na bus
-
ca por inclusão também é destacado pela
gerente de Relações Governamentais da
Coca-Cola, que ressalta que é possível
observar organizações que assumem
compromissos públicos de promoção de
equidade de raça e gênero, como progra
-
mas de trainee para contratação de pes-
soas negras. “São instrumentos que me


-
tivo, é necessário um profundo processo
de educação e compromissos concretos
de promoção da equidade. As punições
são necessárias, claro, mas a educação, a
sensibilização de lideranças, o letramen
-
to racial e os compromissos empresariais

Elisa de Araújo dá o exemplo do precon
-
ceito racial. “A partir do momento que
compreendemos que a disparidade ra
-
cial nos cargos de liderança não vai se
desfazer sozinha, devemos aceitar que a
     
-
tiva é o mecanismo pelo qual podemos
promover a inclusão. A política de cotas
raciais para acesso à universidade públi
-
ca e programas como FIES e ProUni per-
mitiram (e permitem) que jovens negros
tenham acesso ao ensino superior, como
eu tive - e aí é possível vencer uma bar
-
reira, a da educação formal. Em seguida,
é preciso promover oportunidades para
que as pessoas ascendam às posições
de liderança. Promover o letramento e a
Anita Cardoso
Consultora e palestrante nas áreas de relações
públicas, comunicação organizacional e
responsabilidade social
MATÉRIA
18
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO

pessoas diversas presentes num espaço,
mais espaços se abrem para outras pes
-

Para Anita Cardoso, um dos melhores ca
-
minhos para a inclusão são as cotas - para

outras minorias. “Mas isso é o princípio
da reposição do gap histórico e cultural
de nossa sociedade. Se tivermos um país
com políticas públicas educacionais que
abranjam toda a população sem distinção
de classe, com o passar do tempo tere
-
mos grupos sub-representados entrando
em fatias da sociedade, sem a necessida
-
de de cotas. No momento, no entanto, o
problema só será solucionado pela força

A inserção das minorias no ambiente cor
-
porativo passa também pelos esforços
na redução dos estigmas, segundo Rafa
Costa. “Devemos deixar de lado a pato
-
logização e o cerceamento das desse-
melhanças, abandonar de uma vez por
todas os velhos padrões de recrutamen
-
to e seleção, que reduzem os sujeitos a
    
imutáveis, projetar programas multidis
-
ciplinares de promoção e prevenção, que
atuem no sentido contrário ao do negli
-

-
duta são necessários, pois o preconceito
não se limita a tratamentos diferenciados
por parte das empresas, mas também é
observado entre os colegas. “A maioria
dos casos é sutil. Frases, expressões e
piadas ainda são usadas como desculpa
para que as pessoas expressem precon
-
ceito. O acesso à informação atualmente
é muito mais simples, há ampla divulga
-
ção de casos de preconceito na socie-
     -
  
Juliana Marra.
Rafa Costa
Coordenador de Engajamento da Climate e
membro da Associação Brasileira de Psicologia
Política (ABPP)
O acesso à informação atualmente
é muito mais simples, há ampla
divulgação de casos de preconceito
na sociedade. Não se pode justificar
preconceitos por desconhecimento do
tema”
Juliana Marra
MATÉRIA
19
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
“Infelizmente o preconceito está presen-
     

os olhos para enxergar de fato como
opera o preconceito racial, você o per
-
cebe presente em todas as relações so-

uma série de oportunidades na carreira.

-

se sente não-pertencente ao espaço que

-
ecimento psíquico esse tipo de situação
   
“Se o preconceito não existisse entre
colegas, não teríamos uma conjuntura
onde cerca de 21,6% dos LGBTs entrevis
-
tados em recente pesquisa da UFMG e da
Unicamp estavam desempregados. A
questão talvez seja: como podemos criar
espaços mais acolhedores, que promo
-
vam a diferença e a diversidade como
atributos da natureza humana? Como sé
-
culos e séculos de cooperação e intera-
ção social neste planeta ainda não foram

As empresas têm muito a ganhar quando
combatem o preconceito, não apenas em
termos de imagem junto a clientes e so
-
ciedade em geral, mas também com au-
mento de faturamento. “São inúmeras as
vantagens para uma organização quando
ela assume efetivamente uma política
   
Cardoso. “E imagem e reputação são si-
nônimos de faturamento, de saúde re-
putacional e de impacto social em esca-
la. Não há dúvidas de que a organização
ganha de dentro para fora e de fora para

Segundo Elisa de Araújo, o ganho se es
-
tende à inovação dentro das organiza-
ções, com maior circulação de ideias.
“Pesquisas comprovam que a diversidade
promove oxigenação dentro das empre
-
sas. Pessoas com trajetórias diferentes
pensam de forma diversa e promovem
ações ricas, com nuances distintas, seja
em que área da organização for - em re
-
lações governamentais, no marketing,

Adotar práticas contra o preconceito de
-
veria ser uma obrigação estratégica da
empresa. O último estudo Edelman Trust
Barometer 2022 aponta que os consumi
-
dores cobram cada vez mais compromis-
sos e ações de responsabilidade social
e ambiental das empresas. É inaceitável
que uma organização apenas publique

Juliana Marra.
Se o preconceito não existisse entre
colegas, não teríamos uma conjuntura
onde cerca de 21,6% dos LGBTs
entrevistados em recente pesquisa
da UFMG e da Unicamp estavam
desempregados
Rafa Costa
MATÉRIA
20
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
Esse trabalho de inserção de promoção
da agenda de diversidade e inclusão
nas empresas cabe, em muitos casos, às
equipes de relações governamentais. A
gerente de Relações Governamentais da

-
sionais. “Atuamos, como o próprio nome
diz, em relacionamentos com diversos
interlocutores. O debate da inclusão e
da diversidade não pode mais ser con
-
tornado. Além disso, hoje as empresas
têm pautas diversas - de negócio, de res
-
ponsabilidade socioambiental, de ESG,
de direitos humanos. Ter pessoas di
-
versas para dialogar sobre essas pautas
torna essa construção rica, profunda e
 Segundo a gerente sênior de
Relações Institucionais e Governamen
-
tais da Unilever, a área de relgov é es-
tratégica para a promoção da agenda de
diversida
de e inclusão nas organizações.
“Um dos caminhos é promover a diversi
-
dade dentro da própria equipe de traba-
lho. Viver o modelo diverso também nos

Para que essa agenda seja adotada inte
-
gralmente e com o respaldo necessário,
é preciso comunicar - e convencer - os
públicos de interesse das empresas. “Pa
-
rece-me que chegamos num momento
onde não saber a importância dessa te
-
mática é anacrônico. Promoção da igual-
      -
       
Araújo, gerente de Relações Gover-
namentais da Coca-Cola. “Sensibilizar
stakeholders que ainda não compreen-
dem isso é um -
ge coragem. Requer aliados, como os
líderes já sensibilizados que se tornam
MATÉRIA
21
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
porta-bandeiras e utilizam seus espaços
para promover a pauta e os compromis
-
sos necessários. É preciso compromisso
de todos - e levar a importância desse
compromisso a todos é uma forma de
     
considera que é preciso abordar os par
-
ceiros tendo clareza das demandas e pro-
movendo a conexão com os objetivos da
empresa.
O trabalho deve se estender também
à formulação de políticas públicas que
combatam os preconceitos. Segundo
Marra, a discussão e a construção de po
-
líticas públicas passam por um debate
amplo, que envolve todos os elos da ca
-
deia, e as empresas têm papel relevante
na adoção e aplicabilidade das regras,
procedimentos, guias ou até mesmo re
-
gulamentos criados. “A participação ati-
va na construção de políticas públicas,
contribuições e proposições no âmbito
do Legislativo e Executivo, bem como
eventuais alianças entre organizações
são exemplos aplicáveis na promoção da
pauta. Acredito que umas das melhores
formas de fazer lobby é demonstrar com
clareza o que se pode alcançar objetiva
-
mente com a evolução do tema. Nesse
caso, demonstrar o quanto a adoção de
políticas de diversidade contribui com a
inclusão de pessoas no mercado de tra
-
balho, aumento de renda e impacto na

Cardoso ressalta que as relações gover
-
namentais são fundamentais no apoio
à elaboração de políticas públicas, no
lobby junto à Câmara e ao Senado para
que as organizações possam ter mais fa
-
cilidades nos processos inclusivos, como
      
carreira. “É fato que é dever do Governo
atender às demandas primárias como a
educação, mas, como o nosso país detém

políticas de incentivo, que não só as leis,
para as organizações, poderiam ajudar a
eliminar esse sistema vicioso de pobreza
e diversity washing
-
sidera que empresas e governos podem
construir parcerias e políticas públicas.
“No combate ao racismo, a ideia é incen
-
tivar a educação e a contratação de pes-
soas negras. Acredito na parceria destes
atores políticos para oferecer e construir
soluções para problemas da nossa so
-
ciedade. Seguir tendo mais da metade
da população vulnerabilizada e à mar
-
gem retira de todos nós a oportunida-
de de crescer como país e evoluir como

Seguir tendo mais da metade da
população vulnerabilizada e à margem
retira de todos nós a oportunidade
de crescer como país e evoluir como
sociedade”
Elisa de Araújo
MATÉRIA
Quais foram as situações em que você perce-
beu estar sofrendo preconceito?
Ser mulher, por si só, é um convite para enfren
-
tar situações que envolvem discriminação e
preconceito. A distinção social nem sempre é
violenta, afrontosa ou direta, mas se caracteri
-
za pela sutileza, pelo sarcasmo e cinismo de uma
sociedade que coloca a mulher em um lugar se
-
cundário, subjugado e embrulhado em um belo

andam de mãos dadas sob os olhos do machismo
estrutural.
Ganhamos menos que os homens para desen
-
volver o mesmo trabalho, mas somos cobradas a
sermos perfeitas, obedientes, caladas e belas. Já
ouvi de colegas que eu poderia emagrecer, que
nem parece que me relaciono sexual e afetiva
-
mente com mulheres, que era um desperdício
para os homens ter mudado de lado. Também,
já fui discriminada por ser mãe, ou jovem, ou ma
-
dura demais para esta ou aquela situação. Sinto
      
em relação aos homens.
Preconceito contra LGBTQIAP+
ENTREVISTA
23
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
“Não é mais permitido ignorar ou recuar. Urge
enfrentar, educar e mudar ao redor, todos os dias
Fabi Gadelha
Fabi Gadelha
Advogada, gestora e executiva de relações
institucionais e governamentais, especialista
em Direito Público, Gestão Executiva
Ambiental e Altos Estudos em Defesa. Atuou
em espaços de liderança em consultoria
política, no Governo Federal, GDF, no
Congresso Nacional, conselhos nacionais
setoriais e prestou consultoria técnica em
agências da Organização das Nações Unidas,
entidades nacionais e internacionais de
direitos humanos
24
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
ENTREVISTA
Qual foi sua reação?
Apesar das diferentes situações, todas causaram
sintomas físicos e emocionais: taquicardia, su
-
dorese, depressão, ansiedade, insônia, dor nos
ombros, vergonha, constrangimento, tristeza e
revolta. Não se supera as dores do preconceito.
Aprendemos a reagir com frieza, clareza, educa
-
ção e paciência.
Em primeiro plano, o preconceito deve ser en-
frentado com diálogo com o discriminador, de
forma a esclarecer que a situação é preconceitu
-
osa, e, se persistir, buscar a ouvidoria, canais de
denúncia e a força da lei.
Num e noutro caso é necessário ser muito pa
-
ciente porque as mudanças que carecemos são
estruturais, culturais e judiciais. Sempre preferi
o diálogo e o esclarecimento.
De que forma ele foi prejudicial? Interferiu no
seu crescimento prossional?

-
letivo porque estava grávida, depois soube que
não fui promovida porque ser mãe de uma crian
-
      -

ser ocupado por um homem, como de fato foi.
Em sua vida pessoal, fora da empresa, você
também já se deparou com situações de pre
-
conceito? Considera piores do que no ambien-
te prossional? Como reagiu?
O preconceito em qualquer esfera da vida fere
o corpo e a alma. Dentro ou fora do ambiente
de trabalho, nasce do mesmo padrão cultural
do machismo enraizado em homens e mulheres.
Sempre percebi que os homens se sentem afron
-

Senti olhares tortos, ouvi piadinhas e conversas
enviesadas, risinhos de canto de boca por ter
um corpão plus size, cabelo curto, tatuagem, ser

Em todas as circunstâncias, reajo da mesma for
-
ma: altiva, calmamente esclarecendo que esse
ou aquele comportamento é discriminatório e
intolerável. Não é mais permitido ignorar ou re
-
cuar. Urge enfrentar, educar e mudar ao redor,
todos os dias.
Como é a situação hoje? Ainda enfrenta pre
-
conceito?
Aos 45 anos, preferi elucidar e confrontar os dis-
criminadores do que me sentir constrangida. Os
opressores costumeiros que, inclusive, compar
-
      
previamente, antes de proferir algum despauté
-
rio na minha frente.
Aos novos discriminadores, inicio o ciclo de edu-
cação, ensinando a respeitar as diferenças e os
limites da lei.
Acredita em progressos, no futuro, na forma
com que as empresas lidam com esse tema?
      
coletivo, a construção de uma cultura verdadei
-
ramente inclusiva, diversa, aliados ao esclareci-
mento individual, possuem condições de mudar
o mundo.
O comprometimento do poder público, da socie
-
dade civil e das empresas podem promover a tão
esperada paz social, a melhor qualidade de vida
dos colaboradores e reverberar nos próprios ne
-
gócios das empresas.
Considera que ões armativas são úteis
para combater o preconceito?
      

se comprometem com suas equipes, coibindo
situações que possam gerar qualquer ato discri
-
minatório, promovendo educação em direitos
humanos e um clima amistoso para apuração de
denúncias, estão contribuindo para mudanças
sociais concretas.
Quais foram as situações em que você perce-
beu estar sofrendo preconceito?
Em alguns eventos, públicos e privados, já me
perguntaram se eu era manobrista de carro, se
entrei para a IBM por algum programa de cota

outros idiomas. São situações que acontecem
com uma certa frequência.
O preconceito e o racismo podem ser silencio
-
sos ou escandalosos. A grande maioria da popu-
lação negra já experimentou os dois. Por exem-

dão uma aula com conteúdo e técnica oratória
sobre determinado assunto, mas várias pessoas
-
-
nais negros, talvez as pessoas achem que nós de-
veríamos ser coadjuvantes, quando, na verdade,
temos a mesma capacidade que qualquer outro

Preconceito racial
ENTREVISTA
25
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
A luta pela igualdade não é apenas do povo ne-
gro, é uma luta de todos
Vinicios Pacheco
Vinicios Pacheco
Estudante de Relações Internacionais
pela UDF, formado em Comércio Exterior
pela Universidade Cruzeiro do Sul. Já
trabalhou como professor de inglês e
analista bancário. Atualmente, atua como
estagiário de Relações Governamentais e
Assuntos Regulatórios na IBM Brasil
26
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
ENTREVISTA
Qual foi sua reação?

-
mente, mas sim intelectualmente. Em algumas

calado. Hoje, não preciso. Até porque faço parte
de uma empresa que apoia totalmente seus fun
-
cionários. A IBM me proporciona total segurança
de que os negócios são importantes, mas as pes
-
soas são muito mais. Tenho total liberdade de
me levantar da mesa e sair, caso sinta qualquer
tipo de agressão preconceituosa ou racista.
De que forma ele foi prejudicial?
O preconceito pode acabar com as esperanças
de alguém e quase acabou com as minhas. An
-
tes de ter consciência sobre o assunto, eu vivia


lugar?! O preconceito e o racismo podem fazer

-
cem seu potencial. Felizmente, eu tive e tenho
pessoas ao meu lado que me ajudam a continuar
alcançando meu máximo e não deixar que coisas
tão repugnantes como o preconceito me atra
-
palhem. Muitas dessas pessoas não são negras,
isso mostra que a luta não está mais apenas com
a comunidade negra. Porém, temos muito o que
percorrer.
Interferiu no seu crescimento prossional?
Sempre interfere de alguma forma. Algumas
pessoas usam isso como combustível, outras não
conseguem. A verdade é que isso não deveria
acontecer no ambiente de trabalho e, se aconte
-
ce, as punições para o agressor devem ser seve-
ras no ambiente de trabalho e tratadas também
no âmbito legal.
Conte um pouco de sua vida prossional, onde
estudou e as diculdades que enfrentou para
chegar aonde está.

-
sional até os 21, logo depois fui trabalhar em
     
de Relações Internacionais na Universidade do
Distrito Federal (UDF). Um jovem de 30 anos que
decidiu fazer transição de carreira e está em as
-
censão em Relações Governamentais.
Geralmente nós sonhamos em ser alguma coisa

-

         
mim ou que talvez fosse apenas para uma parte
da população. Para a minha felicidade, conhe
-
ci Creomar de Souza, alguém que não cabe em
palavras e que se tornou minha referência na


-
nidades e acesso à educação para a comunidade
negra, comunidade à qual ele pertence.
Em sua vida pessoal, fora da empresa, você
também já se deparou com situações de pre
-
conceito?
Se você é negro, você com certeza já sofreu pre
-
conceito. Infelizmente o que mais me marcou
recentemente foi o fato de ter sido abordado e
revistado por policiais, mesmo vestindo terno e
gravata, indo para um evento em uma embaixa
-
-
mente falaram que estranharam uma pessoa
andando pela área, sendo que era a entrada da
embaixada e outras pessoas estavam andando
por ali.
27
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
ENTREVISTA
Considera piores do que no ambiente pros-
sional?
O preconceito tem várias formas de se manifes
-


agressivo em determinadas palavras e mais vio
-
lento em determinas ações.
Como reagiu?
De onde eu vim, qualquer reação poderia resul
-
tar em violência de qualquer nível. Eu sempre
reajo com calma e respaldo da lei, é a melhor op
-
ção. Geralmente, eu também me retiro do am-
biente quando percebo que isso acontece.
Como é a situação hoje?
O preconceito e o racismo estão atrás de todas
as minorias. Do momento em que acordamos ao
momento em que dormimos, isso é um fato. Ago
-
ra, temos escolhas e as que encorajo as pessoas
a fazer são: que sejamos as estrelas da nossa
vida, que continuemos a luta contra tais atroci
-
dades que matam sonhos e até mesmo pessoas.
Para as empresas, eu digo que diversidade é ino
-
vação e inovação se transforma em negócios. As
empresas que não acompanharem essa evolução
não terão chances no futuro. O protagonismo
negro está acontecendo, isso é um fato, uma
vitória de uma luta muito longa que ainda está
longe de acabar, mas que está acontecendo sim!
Ainda enfrenta preconceito?
Infelizmente sim. O preconceito é algo comum
na vida de uma pessoa negra. Mesmo sendo co
-
mum, não podemos normalizar tais atos. Deve-
mos, sim, usar a força da lei a nosso favor e ser-
mos um expoente na luta contra o preconceito.
Você considera que a legislão atual é su
-
ciente para coibir o preconceito?
Pessoas negras ainda deixam de ter muitas opor
-
tunidades simplesmente pelo fato de serem
negras. Pessoas negras sofrem psicológica e
28
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO

intimida tais agressores. Mas confesso que vejo
progresso nas leis contra injúrias raciais.
O que pode ser melhorado?
     
    
posicionar), mais rígidas contra agentes de segu
-
rança que têm essa atitude de demonstrar po-
der contra uma parte da população que é mar-
ginalizada.
Quais os mecanismos utilizados para promo-
ver a inclusão?
       
-
     
igualdade de acesso a oportunidades. As ações

desiguais para a construção de uma distribuição
equitativa de oportunidades. Na área de relgov,

que o trabalho já começou. O coletivo “Pretos e

eventos, mentoria e divulgação de vagas exclu
-
sivas para pessoas negras. Eu sou fruto desse
trabalho.
Você acha que as cotas são uma forma ade
-
quada para reparar as injustiças sociais?
Nada irá reparar as injustiças sociais, nada! As
cotas são necessárias, porém estão longe de
reparar injustiça. A lei de cotas só foi aprovada
em 2012. Em pouco mais de 10 anos não é pos
-
sível reparar as injustiças sociais de um país tão
desigual como o Brasil. Falando em números, a
população brasileira é constituída por 55,8% de
negros. Se olharmos para as universidades, foi
apenas no ano de 2021 que a população negra
atingiu maioria em universidades. Isso é uma

temos um caminho a percorrer, devemos olhar
      
      
de pessoas negras em liderança nas empresas?!
A luta pela igualdade não é apenas do povo ne
-
gro, é uma luta de todos.
ENTREVISTA
Por quais motivos sua empresa decidiu adotar
os conceitos de ESG?
Para nós, os conceitos de governança ambiental,
social e corporativa sempre estiveram interna
-
lizados em nosso negócio e temos uma agenda
ESG robusta, com metas públicas e ambiciosas
para os próximos anos. ESG não é uma opção, é
uma necessidade para toda a sociedade e, como
consequência, para as empresas sobreviverem
no longo prazo. Os avanços que temos conquis
-

jornada e do nosso propósito, que guia tudo o
que fazemos por aqui.
Como foi o processo? Começou pelas lideran
-
ças executivas? Pelos stakeholders? Como fa-
zer com que os conceitos sejam realmente in-
corporados pela cultura da empresa?
Não é de hoje que a agenda ESG permeia 100%
do nosso trabalho e do nosso olhar para o
futuro. Nossos pilares de atuação estão
ESG nas empresas
ENTREVISTA
29
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
“ESG é uma jornada, construída dia a dia. Os resultados que
colhemos até agora mostram a solidez da nossa jornada.
Mas sabemos que ainda há muito a ser feito pela frente
Larissa Menezes
Larissa Menezes
Gerente Executiva de Relações Institucionais
da Ambev
30
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
intimamente ligados à sustentabilidade do ne-
gócio. Desde 2014, temos comitês internos e
externos multidisciplinares, nos quais discu
-
timos programas de longo prazo focados em
meio ambiente, inovação, impacto social posi
-
tivo, consumo responsável, ética, diversidade
e inclusão aliados à nossa estratégia. Vemos
o tema de ESG como uma visão estratégica e
multistakeholder para criação de valor de lon-
go prazo alinhada ao impacto socioambiental
positivo e transformador.
A transformação que desejamos alcançar no
mundo, por meio do desenvolvimento susten
-
tável, será alcançada de maneira coletiva e com
muita troca de experiências. Para garantir um
futuro próspero, com mais razões para brindar,
queremos que nosso ecossistema também seja
agente de mudança junto conosco. Esse ecos
-
sistema começa com o agricultor, passa pelos
nossos colaboradores, as comunidades onde
estamos inseridos, nossos parceiros, até chegar
aos milhões de consumidores brasileiros. Nós te
-
mos o papel de fazer a sociedade ser um lugar
melhor.
Trago aqui um desses exemplos: para zerar as
emissões líquidas de carbono próprias e de ter
-
ceiros até 2040, sabemos que precisaremos con-
tar com nosso ecossistema. Para incentivar e aju-
dar os fornecedores a cumprirem essa ambição,
formamos uma aliança inédita, o Compromisso
pela Ação Climática.
O que a empresa ganhou ao adotar os concei
-
tos ESG?
Acreditamos que a Ambev e o Brasil crescem
juntos. Crescimento compartilhado é nosso nor
-
te. Para garantir um futuro próspero, trabalha-
mos sempre de forma sustentável, considerando
a preservação de recursos naturais e o cuidado
com as pessoas e as nossas comunidades: forne
-
cedores, nossa gente, clientes e consumidores.
O nosso compromisso com a sustentabilidade
dos nossos produtos e operações não é de hoje.
Fomos pioneiros ao traçar, desde 2009, alguns
ciclos de metas de sustentabilidade ambicio
-
sas, com atualizações em 2013 e agora em 2025,
sendo as principais:
Agricultura sustentável: 100% dos nossos agri
-
cultores devem estar capacitados, conectados e

Gestão de água: melhorar de forma mensurá
-
vel a disponibilidade e a qualidade de água para
100% das nossas comunidades em áreas de alto

Packaging circular: 100% dos nossos produ
-
tos devem estar em embalagens retornáveis ou
que sejam majoritariamente feitas de conteúdo

ões climáticas: até 2025, 100% da eletricida
-
de comprada por nós deve ser advinda de fontes
renováveis. Além disso, vamos reduzir em 25%
as emissões de carbono ao longo da nossa ca
-

Ecossistema de empreendedores: 100% dos
nossos empreendedores devem ter acesso
às ferramentas que eles precisam para seu

Consumo responsável: consumo responsável
compartilha metas globais principais para redu
-
ção do consumo nocivo de álcool até 2025: (1)
investimento de US$ 1 bilhão na promoção de

-
-
dutos não alcoólicos e com baixo teor de álcool
ENTREVISTA
31
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO

de impacto a partir das melhores práticas do
programa de city pilot.
Temos também nossa plataforma de consumo
responsável rodando por todo Brasil há mais de
20 anos. Já realizamos diversos projetos trans
-
formados em políticas públicas e iniciativas que
unem acadêmicos e inovação, além de investi
-
mentos em treinamentos, campanhas, mudança
das embalagens e na criação de novos produtos.
Entre 2009 e 2015, por exemplo, a companhia re
-
alizou parcerias com órgãos públicos, ONGs, ba-
res e restaurantes para combater o consumo de
bebidas alcoólicas por menores de 18 anos, além
de ações focadas em segurança viária. Em 2020,
lançou a plataforma de moderação aberta ao pú
-
blico, na qual as pessoas podem fazer um raio-x
da sua relação com a bebida e mudar hábitos.
Sabemos do nosso papel na sociedade para mu
-
dar e quebrar comportamentos que fujam do
equilíbrio e moderação. Consumo moderado
tem sido nosso mantra há mais de 20 anos. Te
-
mos um time inteiro dedicado a trazer um olhar
cuidadoso para essa frente e nos provocamos a
mirar em diversas formas de reprogramar a cul
-
tura da sociedade e potencializar a importância
do consumo responsável nos próximos anos.
Estamos avançando nessa jornada e muito mais
vem por aí.
Para levar o consumo moderado à terceira po
-
      
uma área de inovação dedicada a traduzir os
conceitos de moderação em inovação, tecnolo
-
gia e ciência. Uma das inovações que nasceu des-
   -
rinha prática, menos volumosa em comparação
com refeições tradicionais, nutritiva (157 kcal a
       
alternativa para promover a saciedade dos foli-
-
te quando há o consumo de álcool.
A Ambev passou por uma profunda transforma
-
ção nos últimos anos e a bagagem dos integran-
tes do conselho representa a construção dessa
nova jornada, que busca a sustentabilidade e o
aumento do impacto social, centrada no desen
-
volvimento do ecossistema e sustentada pela
tecnologia e inovação.
Houve algum ganho de imagem junto à socie
-
dade e aos consumidores?
Não é sobre imagem diante da sociedade e con
-
sumidores, mas sim sobre a coisa certa a ser fei-
ta. A agenda ESG não deve ser encarada como
diferencial para nenhuma empresa. A agenda
de carbono, por exemplo, não é diferencial. É


serem escritos na história.
O que ainda falta fazer?
ESG é uma jornada, construída dia a dia. Percor
-
remos até aqui um caminho consistente e ba-
seado em metas ambiciosas. Os resultados que
colhemos até agora mostram a solidez da nossa
jornada. Mas sabemos que ainda há muito a ser
feito pela frente. Acreditamos que a transforma
-
ção que desejamos alcançar no mundo, por meio
do desenvolvimento sustentável, será alcançada
de maneira coletiva e com muita troca de expe
-
riências. As questões de ESG trazem uma série
de oportunidades para estimular o empreende
-
dorismo e negócios de impacto. Aqui na Ambev,
por exemplo, temos a nossa Aceleradora 100+,
que nos ajuda a encontrar negócios de impacto e
ENTREVISTA
32
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
ideias inovadoras alinhadas aos nossos compro-
missos sociais e ambientais.
Como mencionei antes, no ano passado, numa
aliança inédita, convidamos fornecedores para
juntos zerarmos as emissões líquidas de carbo
-
no na cadeia até 2040. O nosso objetivo é apoiar
a todos, incluindo aqueles que ainda não entra
-
ram na aliança e não amadureceram sua jorna-
da de descarbonização, e ajudá-los a fortalecer
suas políticas ambientais, o que vai dar novas
perspectivas aos seus negócios.
Por que esse processo é conduzido por pros
-
sionais de relgov? Quais as vantagens dessa
escolha por parte da empresa? Como esses
prossionais estão assumindo essa responsa
-
bilidade dentro das empresas?
Cada vez mais o ESG está integrado no negócio
de forma totalmente transversal, inclusive com
metas para toda a alta liderança, com remune
-
ração variável ligada a ESG. Com estímulo da
liderança, estamos fortalecendo e formando

-
balham de forma coletiva com outros especialis-
tas em diferentes frentes, como economia circu-
lar, projetos de impacto social, geração de valor
para micro e pequenos empreendedores.
A Agenda 2030 da ONU envolve a sociedade
como um todo. Os objetivos a serem alcança
-
dos são esperados dos governos, mas também
das empresas e da sociedade, tendo assim o

atingimento desses objetivos.
ENTREVISTA
33
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
O que é preciso considerar para executar da
melhor forma possível essa função? Como
abordar temas como responsabilidade corpo
-
rativa, capitalismo consciente e capitalismo
de partes interessadas?
Nossas iniciativas são pensadas para o ecossiste
-
ma. Isso é o que nos guia. Pensamos sempre na
atuação compartilhada para que os outros ato
-
res do ecossistema possam ir junto com a gente.
Escuta ativa tem sido essencial para entender
-
mos e apoiarmos as pessoas diante de questões
prioritárias e urgentes. Estamos atentos ao con
-
texto do Brasil e do mundo frente aos principais
temas socioambientais. Um grande exemplo dis
-
so foram nossas ações durante a pandemia.
Como uma empresa brasileira, mergulhamos in
-
tensamente em formas de ajudar o Brasil e os
brasileiros a superar a crise. Olhamos para as
nossas capacidades, para os nossos talentos, e
buscamos novas formas, com muita inovação
e agilidade, de adaptar o nosso negócio para
ajudar o país.
Você considera que, no futuro, a agenda ESG
tende a assumir ainda mais importância den
-
tro das empresas?
ESG é e precisa continuar sendo uma prioridade
das empresas. Como costumamos dizer aqui na
Ambev, nós temos o papel de fazer a sociedade
ser um lugar melhor. E podemos impulsionar o
crescimento de todos ao redor.
A Ambev é muito mais do que uma empresa, é
um grande ecossistema de pessoas, colaborado
-
res, clientes, parceiros de negócios, fornecedo-
res. Como a gente consegue crescer como ne-
gócio e fazer nossos parceiros crescerem junto?
Isso tem norteado todo o nosso planejamento
para os próximos 10 anos em ESG, temos metas
ambiciosas e muito a fazer ainda nesse setor.
Uma de nossas apostas é no Bora, nosso projeto
de inclusão produtiva que busca combater a po
-
breza e gerar transformações em todo o ecossis-
tema. Com isso, iremos incluir 5 milhões de bra-
sileiros e brasileiras no mercado produtivo nos
próximos 10 anos.
ENTREVISTA
A economia criativa tem sua força motriz
na criatividade e no conhecimento como
fatores centrais para o desenvolvimen
-
to de produtos e serviços, no ganho de
valor agregado, na geração de emprego
e potencialização do desenvolvimen
-
to econômico e social. Segundo o BID
(Banco Interamericano de Desenvolvi
-
mento), são setores nos quais o valor do
bem produzido está fundamentado na
criatividade e conhecimento que geram
monetização por meio da propriedade
intelectual em 13 segmentos diversos,
como tecnologia, artes, expressões cul
-
turais, arquitetura, moda e publicidade,
entre outros.
Os setores criativos colaboram com
2,91% do PIB e empregam mais de 7 mi
-
lhões de trabalhadores em mais de 135
mil empresas, representando 4% dos es
-
tabelecimentos do país, movimentando
R$ 217,4 bilhões, equivalente ao setor
da construção civil e superior à produ
-
ção total do setor de extrativismo mi-
neral, segundo a Firjan (Federação das
Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).
O segmento artístico-cultural, que será
o foco deste artigo, possui 6,5% das em
-
presas e colabora com aproximadamen-
te 1,6% do PIB. Sob a ótica da criação-
-produção, as iniciativas são privadas,
sobretudo dos segmentos artísticos/cul
-
-
ciamento, grande parte dos empreendi-
mentos possuem algum tipo de apoio
público, com recursos do orçamento di
-
reto dos governos, ou indireto, por meio
das leis de incentivo à cultura, existentes
no Governo Federal (IR), na maior parte
dos estados (ICMS), nas capitais e nos
grandes municípios (IPTU ou ISS). Em
2020, R$ 9,8 bilhões foram os gastos pú
-
blicos com arte e cultura, sendo 50,3%
proveniente dos municípios, 36,8% dos
     
Reexões sobre Economia Criativa
e ESG: justicando o impacto social
dos investimentos
ARTIGO
34
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
Aldo Valentim
Consultor em Políticas Públicas e
Relações Governamentais
35
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
a Lei Rouanet custou R$ 1,9 bilhões e
uma projeção de aproximadamente R$
1 bilhão tiveram como origem as leis de
incentivo de estados e municípios.
Na pandemia, para garantir a manuten
-
ção do setor, o Governo Federal, por
meio da Secretaria Nacional de Eco
-
nomia Criativa, disponibilizou o maior
volume de recursos para a economia
criativa da história, por meio da Lei Al
-
dir Blanc (Lei nº 14.017/2020). Foram
transferidos R$ 3 bilhões aos 26 esta
-
dos, ao Distrito Federal e a mais 4.744
municípios, 85% do total de municípios
brasileiros, apoiando o lançamento de
mais de 8 mil editais, colaborando com
25 mil espaços de economia criativa e
atendendo mais de 700 mil trabalhado
-
res por meio do auxílio à renda, segun-
do as projeções iniciais da SECULT-Mtur.
Para o segmento de entretenimento,
shows e eventos, o Governo Federal im
-
plementou linhas de crédito com o Per-
se e o Pronampe (Programa Nacional
de Apoio às Microempresas e Empresas
de Pequeno Porte - Lei nº 13.999/2020)
- somente esses segmentos obtive
-
ram R$ 61.397.155.343,29 de apoio
governamental.
Apesar de sua nítida importância social

-
nanciamento a determinados segmen-
tos da economia criativa movimenta a
opinião pública, com questionamentos
      
-
ciamento público para determinados
projetos. Esse debate também alcan
-
ça as empresas quando utilizam as leis
de incentivo e patrocinam projetos de
artistas famosos, megaeventos ou ins
-
tituições renomadas que, por mais que
legalmente tenham direito ao uso da lei,
tenham o benefício questionado pela
opinião pública. Por que isso acontece?
Não há uma resposta única e nem é o
objetivo desse artigo, mas sugiro alguns
  
-
cativa desses investimentos no âmbito
do impacto social.
Primeiro: o acesso da população à pro
-
-
ra a ser superada. Indicadores do IBGE
e IPEA mostram que 70% da popula
-
ção brasileira nunca foi a um museu ou
     
  
está concentrada nas regiões metropo
-




eventos com subsídios públicos para ter
alternativas e diversidade de consumo
     
-
suem um centro cultural e 91% não pos-
suem cinema.
Segundo:    

com a parceria empresarial são exces
-
sivamente direcionados para o lado da
oferta (empresários e produtores cul
-
turais), materializando-se, na opinião
pública, via a imagem do artista, geran
-
do debates sobre a pertinência ou não
do valor investido no projeto em ques
-
tão. A maior parte dos programas de
ARTIGO
36
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
-
nismo do lado da demanda, da popula-
ção, como parte interessada a ser inse-
rida no processo de consumo cultural.
Os patrocínios privados realizados com

-
tralidade do artista, em função das ne-
cessidades de marketing.
Continuaremos com esse modelo ou de
-
senvolveremos ações com o olhar mais
atento ao cidadão (lado da demanda),
reforçando seu protagonismo e empo
-
deramento como consumidor cultural?
Atuaremos nas demandas territoriais,
locais ou para parcelas marginalizadas
da população, tais como: programas de
construção e manutenção de equipa
-
mentos, vale cultura, vouchers, meia en-
trada baseada em renda, programas que
facilitam e barateiam o meio de loco
-
moção das populações que residem dis-
tante dos espaços culturais, programas
para acesso à internet e à oferta cultu
-
ral disponibilizada pelas plataformas de
streaming para parcelas da população
de baixa renda?
Terceiro: o processo de digitalização do
consumo em economia criativa. Pesqui
-
sa da área de inteligência de mercado da
Globo comprovou que 78% dos brasilei
-
ros consomem música por meio de seus
smartphones (Youtube, Spotify e ou
-

os gêneros mais consumidos são serta
-
nejo, pop e música gospel. Outra pesqui-
sa (Nielsen Brasil com a Toluna) aponta
que 42,8% dos brasileiros entrevista
-
dos consomem streaming diariamente e
43,9% uma vez na semana. Apenas 2,5%
não assistem nada nas plataformas. Os
jovens são maioria no consumo pelas
plataformas. Evidentemente essa ten
-
dência foi acentuada pela pandemia,
mas os dados mostram que deve se in
-

Quarto:     
-
mentos de avaliação e evidências os be-
nefícios sociais efetivamente gerados
pelos projetos apoiados. Estabelecer a
cultura da avaliação de impacto e criar
métricas que mensuram os resultados
em economia criativa, dar transparên
-
cia e publicidade sobre os resultados e
os impactos econômicos e sociais obti
-
dos, mensurando para a sociedade quais
benefícios foram efetivamente pereni
-
zados. Exemplos: a partir da existência
de determinado equipamento cultural
quais benefícios (aumento da renda,
segurança etc.) foram acrescidos para
o bem-estar dos moradores, o quanto a
frequência em atividades de economia
criativa aprimora a vida estudantil ou


-
-
tivos do setor privado precisam superar
para potencializar os investimentos em
economia criativa e integrá-los de forma
   
-
vel dentro dos preceitos do S do ESG,
não só para investidores mas para toda
sociedade.
ARTIGO

FALA, ASSOCIAD@!
37
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
“Um novo nível de relacio-
namento entre Congresso
e Executivo, com menos in
-
certezas no primeiro ano. O
Congresso já iniciará suas
atividades com força total,
não será um primeiro ano
de ajustes e sim de muito trabalho e nego
-
ciação, tanto para diminuição de riscos, como
em busca de oportunidades. Os decisores pú
-
blicos e políticos buscarão mostrar a que vie-
ram. As relações entre poder público e socie-

Andrea Homann Formiga
Sócia na Strozzi e Homann
As expectativas com o novo
governo são boas. Primeiro,
porque toda troca de gover
-
no implica uma revisão das
agendas institucionais das
empresas, com a geração de
novas demandas de engaja
-
mento, relacionamento, pesquisas e comuni-
cação. Em segundo lugar, o fato de o governo
Lula possuir um certo ativismo do ponto de
vista de políticas sociais, fomento à indústria,
ampliação de crédito e investimentos em de
-
terminados setores também deve movimen-
tar a iniciativa privada como um todo, com re-

a esses fatores, um provável protagonismo
do Brasil na agenda ambiental global, com
ênfase em novas energias, e que vai gerar
demandas importantes de relações institu-

da Prospectiva. Agrupando esses três fato-
res, acreditamos que teremos um ambiente
muito favorável para a Prospectiva e todo


Ricardo Sennes
Sócio-diretor da Prospectiva
A alternância de governo
sempre é um momento de
oportunidades. No cenário
   
de relações governamentais,
há muito espaço para articu
-
lação e construção de consensos com diver-
sos setores, a política voltou ao centro do
debate. A transição energética chegou com
força no Brasil e no mundo. Além disso, a ino
-
vação é um valor fundamental para viabilizar

Natália Figueiredo
Especialista em Relações Governamentais
e Institucionais da Lemon Energia
O que esperar do novo cenário político (Congresso e Executivo)
em termos de relações governamentais?
38
DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
O IRELGOV dá as boas-vindas aos seus novos associados, que chegam para
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ASSOCIAD@S EMPRESA ADMISSÃO CIDADE UF
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EMPRESA CIDADE ADMISSÃO
Representante(S)
ITAÚ UNIBANCO S.A. São Paulo 12/12/2022
Jorge Henrique Silva Lima
Kelly Cristina Fiel Saldanha da Gama
Ana Paula Pinheiro Abi Daud
PROSPECTIVA São Paulo 01/02/2023
Nelson Tartuce Neto
Ricardo Ubiraci Sennes
SETA PUBLIC AFFAIRS SOLUTIONS São Paulo 19/01/2023
Disraelli Galvão Guimarães
Mariana Guimarães Borborema
Aline Reis
TOTVS São Paulo 07/02/2023
Ana Paula Duarte Ramos
Andrei Gomes de Moraes
Ariela Zanetta Simoni
Bruna Hemmel Silveira