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DIÁLOGOS IRELGOV | 2023 - EDIÇÃO 01 - MARÇO
ENTREVISTA
Qual foi sua reação?
Apesar das diferentes situações, todas causaram
sintomas físicos e emocionais: taquicardia, su
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dorese, depressão, ansiedade, insônia, dor nos
ombros, vergonha, constrangimento, tristeza e
revolta. Não se supera as dores do preconceito.
Aprendemos a reagir com frieza, clareza, educa
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ção e paciência.
Em primeiro plano, o preconceito deve ser en-
frentado com diálogo com o discriminador, de
forma a esclarecer que a situação é preconceitu
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osa, e, se persistir, buscar a ouvidoria, canais de
denúncia e a força da lei.
Num e noutro caso é necessário ser muito pa
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ciente porque as mudanças que carecemos são
estruturais, culturais e judiciais. Sempre preferi
o diálogo e o esclarecimento.
De que forma ele foi prejudicial? Interferiu no
seu crescimento prossional?
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letivo porque estava grávida, depois soube que
não fui promovida porque ser mãe de uma crian
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ser ocupado por um homem, como de fato foi.
Em sua vida pessoal, fora da empresa, você
também já se deparou com situações de pre
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conceito? Considera piores do que no ambien-
te prossional? Como reagiu?
O preconceito em qualquer esfera da vida fere
o corpo e a alma. Dentro ou fora do ambiente
de trabalho, nasce do mesmo padrão cultural
do machismo enraizado em homens e mulheres.
Sempre percebi que os homens se sentem afron
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Senti olhares tortos, ouvi piadinhas e conversas
enviesadas, risinhos de canto de boca por ter
um corpão plus size, cabelo curto, tatuagem, ser
Em todas as circunstâncias, reajo da mesma for
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ma: altiva, calmamente esclarecendo que esse
ou aquele comportamento é discriminatório e
intolerável. Não é mais permitido ignorar ou re
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cuar. Urge enfrentar, educar e mudar ao redor,
todos os dias.
Como é a situação hoje? Ainda enfrenta pre
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conceito?
Aos 45 anos, preferi elucidar e confrontar os dis-
criminadores do que me sentir constrangida. Os
opressores costumeiros que, inclusive, compar
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previamente, antes de proferir algum despauté
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rio na minha frente.
Aos novos discriminadores, inicio o ciclo de edu-
cação, ensinando a respeitar as diferenças e os
limites da lei.
Acredita em progressos, no futuro, na forma
com que as empresas lidam com esse tema?
coletivo, a construção de uma cultura verdadei
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ramente inclusiva, diversa, aliados ao esclareci-
mento individual, possuem condições de mudar
o mundo.
O comprometimento do poder público, da socie
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dade civil e das empresas podem promover a tão
esperada paz social, a melhor qualidade de vida
dos colaboradores e reverberar nos próprios ne
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gócios das empresas.
Considera que ações armativas são úteis
para combater o preconceito?
se comprometem com suas equipes, coibindo
situações que possam gerar qualquer ato discri
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minatório, promovendo educação em direitos
humanos e um clima amistoso para apuração de
denúncias, estão contribuindo para mudanças
sociais concretas.